A Petrobras deu início ao processo de venda de sua fatia remanescente na BR Distribuidora, maior distribuidora de combustíveis do país. A expectativa é tentar oferecer as ações, que correspondem a 37,5% do capital da companhia, ainda este mês.
Pela cotação desta sexta (11), a operação renderia cerca de R$ 11 bilhões à estatal, que vem tocando desde 2015 um plano de venda de ativos sob o argumento de que precisa reduzir sua dívida e focar seus investimentos na exploração do pré-sal.
A BR já foi alvo de duas operações em bolsa. Na primeira, em 2018, a Petrobras levantou R$ 5 bilhões com a venda de 28,75% do capital da subsidiária. Na segunda, em 2019, foram vendidas 33,75% das ações, por R$ 8,6 bilhões.
Após a oferta secundária, a Petrobras deixou de ser controladora da BR. A operação foi garantida por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que permitiu a venda de subsidiárias de estatais sem anuência do Congresso Nacional.
A venda da fatia restante foi aprovada pelo conselho de administração da companhia em 2020 e a ideia era concluir a operação no início do ano, mas o processo foi atrasado pela conturbada troca no comando da Petrobras, iniciado em fevereiro, com a demissão de Roberto Castello Branco.
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, o general Joaquim Silva e Luna só assumiu em meados de abril, após debandada no conselho de administração e na diretoria da estatal. A demissão de Castello Branco fez a empresa perder R$ 102,5 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias.
Nesta sexta, a Petrobras informou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que entrou em contato com a BR solicitando cooperação para implementar a oferta pública de ações. A empresa frisou que a operação depende de condições de mercado e aprovação dos órgãos internos da Petrobras quanto ao preço.
"Esta operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, visando a geração de valor para os seus acionistas", disse a companhia.
O programa de venda de ativos começou após os anos de prejuízo com o reconhecimento de perdas com o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato e foi acelerado no governo Bolsonaro, que realizou em 2020 a primeira venda de refinaria da história da companhia.
A Refinaria Landulpho Alves, em Salvador, foi vendida ao fundo Mubadala por US$ 1,65 bilhão (R$ 8,8 bilhões pelo câmbio da época), processo que está abriu uma guerra judicial movida por sindicatos e partidos da oposição.
O plano prevê a venda de outras sete refinarias, com a empresa focando suas operações de produção de combustíveis na região Sudeste, mantendo apenas as unidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Nesse processo, a Petrobras vem se desfazendo também de ativos no setor de gás natural, energia, biocombustíveis e de campos de petróleo em terra ou fora do pré-sal. Sua dívida, que chegou a superar os US$ 120 bilhões, fechou o primeiro trimestre em US$ 70,9 bilhões (R$ 388 bilhões, pelo dólar médio de vendas no período).
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