A retração de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre de 2020, na comparação com os três meses anteriores, foi semelhante à verificada em outros países da América, onde o vírus se disseminou em momento posterior ao verificado na Ásia e Europa.
Há dois fatores, no entanto, que levam a previsões de que o país terá um dos piores desempenhos entre as principais economias mundiais neste e no próximo ano, com risco de retroceder uma década, aos níveis de 2010.
Em primeiro lugar, o país vem de um período marcado pela pior recessão de sua história (de 2014 a 2016), seguido por três anos de fraco crescimento (2017-2019). No final do ano passado, o PIB ainda estava no mesmo nível de meados de 2012.
Outra questão é a expectativa de que o país tenha uma forte queda do PIB neste ano, seguida por uma fraca recuperação nos anos seguintes.
De acordo com análise publicada pelo economista Marcel Balassiano, da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre), 82% dos países acompanhados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) devem apresentar desempenho melhor da economia do que o Brasil no biênio 2020/2021.
Considerando as projeções do próprio Fundo e também da pesquisa Focus do Banco Central, a economia brasileira deve ter uma contração média de 1,3% no período (-5,9% neste ano e +3,5% no próximo, pela Focus).
Essa piora não se deve apenas à questão de saúde, que afetou a economia de maneira global, mas também a problemas internos que se refletem em uma piora maior por aqui de reversão de expectativas.
Segundo a Economist Intelligence Unit, o Brasil deve ser a economia mais afetada pela Covid-19 em uma amostra de 19 países, quando se compara a previsão para o PIB em 2020 antes e depois da pandemia.
A diferença entre o crescimento esperado pelo FMI de 2,4% e a nova projeção de -5,5% é de 7,9 pontos percentuais. Em outros países selecionados, ela é de 6,5 pontos (México), 4,9 pontos (China), 4,5 pontos (EUA) e 3,6 pontos (Rússia).
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