SÃO PAULO - O Pix se tornou o método de pagamento mais comum entre brasileiros para compras on-line, mostra nova edição da TIC Domicílios, pesquisa sobre acesso à internet produzida pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) divulgada nesta quinta-feira (31).
O indicador é medido em anos pares. Entre 2022 e 2024, a representação do Pix passou de 66% para 84% entre os usuários que compraram produtos na internet nos 12 meses anteriores, superando o cartão de crédito, que recuou de 73% para 67%. O boleto registrou maior queda, de 43% para 24%.
Há tendência de troca de boleto por Pix principalmente entre os mais pobres, que têm menos acesso a cartão de crédito, segundo Fabio Storino, coordenador da pesquisa. Descontos oferecidos por vendedores para o pagamento no Pix também pesam nessa decisão, de acordo com o especialista.
"O próprio Pix ganhou novas funcionalidades, como o agendamento e o parcelamento, incorporando vantagens antes restritas ao cartão de crédito", afirma. "Os dados mostram efeito democratizador dessa nova modalidade de pagamento."
O Pix por aproximação em celulares é a próxima novidade na mira do Banco Central. O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (30) que a nova funcionalidade deve começar a funcionar "muito em breve".
A pesquisa do Cetic.br mostra que 46% dos usuários compraram produtos e serviços pela internet em 2024, o equivalente a 73 milhões de pessoas. Dessa parcela, nove em cada dez usam sites de compra e venda, crescimento de 18 pontos percentuais com relação a 2022. O total de entrevistados que comprou em páginas das próprias lojas passou de 59% a 35% no mesmo período.
Grande sites de ecommerce ganharam força durante a pandemia e retiveram a maior parte da clientela, segundo Storino.
O Brasil tem 159 milhões de usuários de internet em 2024, chegando a 166 milhões com usuários de aplicativos que exigem conexão, aponta relatório do Cetic.br.
A desigualdade no acesso à internet entre os mais ricos e mais pobres recuou no Brasil. A diferença entre as classes mais altas e mais baixas caiu de 83 para 32 pontos percentuais desde 2015, mostra a TIC Domicílios. Atualmente, 83% dos domicílios têm conexão. O acesso é universal na classe A (100%) e atinge 68% nas classes D e E. Nas áreas urbanas, a taxa saltou de 13% em 2005 para 85% em 2024.
O estudo revela, por outro lado, desigualdade no acesso à internet de qualidade. Apenas 22% dos brasileiros com dez anos ou mais têm conectividade satisfatória, considerando fatores como custo, velocidade e acesso por múltiplos dispositivos.
A disparidade é maior entre classes sociais e regiões. Na classe A, 73% têm boa conectividade, ante apenas 3% nas classes D e E. No Sul, são 33% dos habitantes, enquanto no Nordeste o índice cai para 11%.
Entre homens, 28% têm acesso adequado; entre mulheres, 16%. O cenário permanece estagnado em relação a 2023. O país mantém 34% da população no pior nível de conexão e 22% no melhor patamar, dentro da margem de erro.
Desde 2008, o acesso à internet em casa foi de 42% para 98% dos usuários. No mesmo período, o uso de celular para conexão individual cresceu de 40% para 88% da população, enquanto centros pagos, como lan-houses, caíram de 48% para 7%.
Do total de usuários de internet, 52% verificaram se uma informação da internet era verdadeira e 48% adotaram medidas de segurança para proteger dispositivos e contas.
Além disso, 60% dos usuários brasileiros de internet têm o celular como única forma de acesso. A proporção sobe para 98% entre analfabetos ou pessoas que só cursaram o ensino infantil e 86% para classe DE. Entre pessoas da classe A, somente 18% têm o celular como meio exclusivo.
"Quem acessa por múltiplos dispositivos faz uso mais diversificado e sofisticado da internet. Quanto melhor a conectividade, mais atividades a pessoa realiza e mais habilidades desenvolve", afirma Storino.
A pesquisa contabiliza 29 milhões de pessoas não usuárias de internet. Dessa parcela, a maioria está na área urbana (24 milhões), estudou até o ensino fundamental (22 milhões), é negra (17 milhões), da classe D e E (16 milhões), ou do sexo feminino (16 milhões).
Segundo o estudo, 61% dos usuários utilizaram sites e aplicativos de órgãos do governo para acessar serviços de saúde, impostos, trabalho, entre outros, nos últimos 12 meses. Entre os que têm nível superior, o percentual sobe para 83%; para os analfabetos ou que só cursaram educação infantil, cai para 10%.
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