SÃO PAULO - Políticos, economistas, alunos e amigos lamentaram a morte da economista e ex-deputada Maria da Conceição Tavares, neste sábado (8). Um dos ícones do pensamento desenvolvimentista no Brasil, Conceição morreu em casa, em Nova Friburgo (RJ), aos 94 anos. De acordo com amigos próximos, a professa faleceu enquanto dormia. A causa da morte não foi divulgada.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), usou as redes sociais para lamentar a morte de Maria da Conceição Tavares, destacando a contribuição marcante dela no desenvolvimento do pensamento econômico brasileiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou uma foto abraçado com Maria da Conceição. "Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e econômicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil", escreveu. "Nesse momento de despedida, meus sentimentos aos familiares, em especial aos filhos, aos muitos amigos, alunos e admiradores de Maria da Conceição Tavares."
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, amigo da economista, divulgou uma nota de pesar com o título "À mestra com carinho". Ele lembrou que Conceição entrou no banco como concursada em 1958. Mercadante a auxiliou na construção da tese "Ciclo e Crise: o movimento recente da industrialização brasileira", em 1977, e na eleição para deputada federal em 1994. "Com densa formação intelectual e profunda coragem, Conceição teve uma vida de compromissos com a democracia, com o desenvolvimento, com a distribuição de renda, com a justiça social e com o enfrentamento do neoliberalismo", disse o presidente da instituição.
O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, classificou a economista como "a mestre do desenvolvimento com justiça social que jamais desistiu do Brasil." "A professora Maria da Conceição Tavares deixa uma trajetória exemplar de educadora engajada no que de melhor o pensamento crítico gerou no Brasil", escreveu Pochmann na rede social X (o antigo Twitter).
Diversos internautas publicaram trechos de palestras, aulas e entrevistas de Maria da Conceição Tavares, marcadas por críticas ao neoliberalismo e quase sempre pelo cigarro das mãos à boca.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, escreveu que a intelectual deixa um rico legado. "Seu pensamento, sua crítica e sua defesa inegociável da justiça social será sempre uma estrela guia para o pensamento econômico brasileiro", afirmou.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, no dia 22 de maio, Haddad citou Conceição Tavares ao falar dos ruídos em torno da política do governo. "Existe interesse por trás disso, e nós ficamos aqui fingindo que não existe. A ex-deputada Conceição Tavares dizia: as coisas se resolvem nos jantares e almoços de sexta-feira, não acontecem à luz do dia."
O Ministério da Fazenda emitiu uma nota oficial para homenagear a professora. "Corajosa, criticou de forma arguta decisões de política econômica implantadas em descompasso com a justiça social. Seu forte espírito público inspirou centenas de economistas no país", disse a pasta.
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que Maria da Conceição Tavares foi uma mulher corajosa, que colocou sua inteligência e conhecimento a serviço da transformação social de nosso país. "É uma grande perda, especialmente num momento em que o Brasil precisa de vozes em defesa da democracia e do desenvolvimento econômico, como sempre ela se destacou", disse a dirigente do partido ao qual Conceição foi filiada.
A ex-presidente Dilma Rousseff classificou a professora como uma das mais importantes e influentes intelectuais da atualidade. "Minha amiga e professora era uma mulher brilhante e profundamente comprometida com a soberania nacional, tendo atuado decisivamente na construção de um Brasil menos desigual. Era uma portuguesa que veio para o país ainda criança e virou uma brasileira de coração e de compromisso firme com o nosso povo", escreveu Dilma.
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