A fusão entre a Fibria, que produz celulose no Espírito Santo, e a gigante paulista Suzano foi anunciada oficialmente no dia 14 de janeiro deste ano. A aliança foi aprovada sem restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Comissão Europeia menos de um ano após as tratativas entre as empresas terem iniciado, em março de 2018.
O período de desfecho do processo é considerado curto em comparação a outros casos, como o da compra da capixaba Chocolates Garoto pela transnacional Nestlé, que se arrasta desde meados de 2002. A aquisição foi vetada dois anos depois pelo Cade, que na época entendeu que a operação seria prejudicial para a concorrência. O conselho impôs condições para a conclusão, entre elas que a empresa capixaba se desfizesse de produtos. As negociações já duram quase 17 anos e ainda não foram concluídas.
De acordo com o Cade, os dois casos se tratam de negociações completamente diferentes. Fibria e Suzano não competem no mesmo mercado e desenvolvem produtos complementares: a celulose capixaba serve de matéria-prima para a produção do papel da empresa paulista.
O economista Orlando Caliman também destaca as diferenças de perfil das negociações. Suzano e Fibria são produtores de commodities, já Garoto e Nestlé fabricam um produto consumido pelo cliente final e têm mais concorrentes no segmento. Qualquer mudança pode gerar um desequilíbrio no mercado, explicou Caliman.
O economista acredita que o Cade dificultou a negociação entre as fabricantes de chocolate por elas serem concorrentes diretas no mercado. A aliança entre as duas daria domínio a Nestlé, que se tornaria a principal empresa no mercado. No parecer do conselho, a negociação entre as empresas apresentava alto potencial lesivo à concorrência. O processo foi vetado pelo órgão em 2004 com base na antiga legislação vigente na época. A conclusão resultaria em uma concentração de mais de 58% do mercado de chocolates por parte da transnacional.
A assessoria da Nestlé afirmou que a empresa permanece buscando a conclusão das negociações. Após a fusão ser vetada, a empresa recorreu da decisão e teve decisão favorável no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou que uma nova análise do caso pelo Cade.
OTIMISMO
Enquanto o impasse continua na indústria de alimentos, a aliança das empresas de celulose pode causar impacto positivo direto na economia capixaba.
Para o economista Pedro Lang, a operação vai atrair investimentos e negócios para o Norte do Estado. Essa fusão é positiva e traz um ganho financeiro para o Estado, capaz de criar vagas de emprego e levar novos investimentos para a região, disse Lang.
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