O contrato futuro com vencimento em maio do barril de petróleo WTI (West Texas Intermediate), referência nos Estados Unidos, colapsa nesta segunda-feira (20). Pela primeira vez na história o barril foi cotado a menos de US$ 0.
Por volta das 15h55, o WTI despencava 209,36% na Bolsa de Chicago, sendo cotado em - US$ 19,98 (- R$ 106,09) o barril, menor valor da série iniciada em 1983, na maior queda da história. Como é um contrato futuro, o valor pode ser negativo.
A queda é fruto da forte pressão vendedora do contrato de maio que vence nesta segunda. Investidores não querem terminar o pregão com os papéis em um cenário de forte queda de demanda pela pandemia da Covid-19.
"Você tem a opção de fazer a liquidação financeira ou física quando o contrato vence e isso é definido logo no preenchimento do contrato", afirma Alan Ghani, professor de Finanças do Insper.
Quando um contrato futuro expira, operadores precisam decidir se recebem a entrega de barris de petróleo ou rolam suas posições para um novo contrato futuro, como o de junho, por exemplo. Sem conseguir ir do contrato de maio para junho, investidores se desfazem do papel no seu último pregão de negociação a qualquer custo.
O contrato de WTI com vencimento em junho tem uma queda menos expressiva, de 16,5%, a US$ 20,89.
Já o contrato do barril de petróleo Brent, negociado na Bolsa de Londres e referência internacional, cai 8,5%, a US$ 25,68, menor valor desde 1º de abril.
A matéria-prima sofre uma forte desvalorização de cerca de 60% neste ano, com a guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita e a desaceleração econômica devido a medidas de combate ao coronavírus.
Além disso, o acordo da Opep+, (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e demais produtores, como Rússia), para reduzir a produção do óleo de modo a elevar o preço foi considerada insuficiente pelo mercado.
Conforme o uso do petróleo cai, o armazenamento sobe. No centro de entregas de Cushing, em Oklahoma, estão estocados 55 milhões de barris, perto da capacidade máxima de 76 milhões de barris.
O petróleo armazenado em navios flutuantes também está em nível recorde, com estimados 160 milhões de barris.
A forte queda da commodity derrubou as principais Bolsas globais. Nos EUA, Dow Jones cai 1,2% e S&P 500, 0,3%, enquanto Nasdaq opera estável.
No Brasil, o Ibovespa recua 0,15%, a 78.876 pontos.
As ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras caem 2,2%, a R$ 15,78, enquanto as ordinárias (com direito a voto) operam em queda de 1,2%, a R$ 16,51.
Já o dólar comercial sobe 1,3%, a R$ 5,3060, maior valor desde 3 de abril, quando a divisa foi ao recorde de R$ 5,3270. Na máxima desta sessão, o dólar foi a R$ 5,3130. O turismo está a R$ 5,52 na venda.
Além da turbulência do mercado financeiro internacional, a moeda reflete a tensão política brasileira, após líderes do Legislativo e Judiciário repudiaram a participação do presidente Jair Bolsonaro de um ato pró-golpe no domingo (19).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta