A cautela nos mercados por causa da tensão diplomática entre EUA e China pesa no Ibovespa, que já iniciou o pregão aquém dos 102 mil pontos (102.293,31 pontos no fechamento da véspera), e voltando a operar na faixa dos 100 mil pontos. Às 10h55, cedia 1,30%, aos 100.983,41 pontos, acentuando as perdas da semana a 1,85%.
"Não deveria perder os 100 mil pontos, sob pena de acelerar as quedas nas próximas sessões", alerta o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.
Apesar de o clima desfavorável instaurado entre as duas políticas envolver assuntos diplomáticos, Ilan Arbetman, analista do Research da Ativa Investimentos, observa que a preocupação vai além desse problema.
"Envolve muito mais fatores, e pode continuar tensão dadas as diferenças pesquisas eleitorais entre Donald Trump que tenta reeleição e Biden democrata Joe Biden", observa.
Conforme o analista, mesmo sendo otimista, o mercado local acaba sofrendo, já que tem operado colado ao exterior. "Difícil não sentir, para o bem e para o mal", diz.
A despeito da taxa menor do IPCA-15 em julho, em relação ao piso das expectativas de mercado na pesquisa do Projeções Broadcast, e do aumento da confiança do consumidor este mês, conforme a FGV, os dados só reforçam a fraqueza da economia. "Falta muito para que o País volte ao período pré-crise coronavírus", afirma, completando que, embora os PMIs europeus tenham vindo com resultados bons, a recuperação na Europa ainda está aquém da vista na China e EUA.
O índice da confiança do consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) subiu 7,7 pontos em julho ante junho, a 78,8 pontos, mas ainda está 9 pontos abaixo do dado de fevereiro. Já o IPCA-5, do IBGE, avançou a 0,30% este mês, ante 0,02% em junho, ficando abaixo do piso das expectativas na pesquisa do Projeções Broadcast (0,35% a 0,58%, mediana de 0,51%).
"O IPCA-15 ficou abaixo, e em 12 meses 2,13% está bem distante do limite inferior da meta. Provavelmente, caminhamos para um corte residual 0,25 ponto na taxa Selic este mês", afirma Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, acrescentando ainda os bons resultados de PMIs na Europa como outros fatores positivos, mostrando que o Velho Continente está em recuperação após o choque da pandemia de coronavírus, ainda que as bolsas por lá estejam caindo, também poderiam servir de contraponto às tensões EUA-China.
A situação desfavorável entre as duas potências mundiais é agravada no momento em que o número de casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus está crescendo em algumas partes do globo, especialmente nos EUA. Esse avanço traz dúvidas sobre uma segunda onda de Covid-19, o que retardaria a retomada da economia no mundo. "Nesses PMIs europeus, serviços vieram bons, que são os mais afetados pandemia. Porém, as tensões entre EUA e China pesam, e a tendência é que o presidente Donald Trump EUA continue agindo a fim de recuperar terreno já que as pesquisas eleitorais estão mostrando sua queda", avalia.
Além de ordenar o fechamento do consulado no Texas esta semana, nesta quinta (23) Trump minimizou a importância do pacto comercial selado entre os dois países no dia 15 de janeiro deste ano. Já Pompeo disse que a China está cada vez mais autoritária e agressiva e que Trump havia decidido dar "um basta". Pompeo também pediu mudanças nas práticas do Partido Comunista da China e acusou o presidente do país, Xi Jinping, de acreditar em uma "ideologia totalitária falida".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta