RIO DE JANEIRO - A prévia da inflação oficial acelerou para 1,14% em setembro, segundo dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15).
A taxa é a maior para o mês desde o início do Plano Real, em 1994, apontou nesta sexta-feira (24) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mês anterior (agosto), o IPCA-15 havia registrado variação de 0,89%.
Com o resultado de setembro, a prévia da inflação chegou a 10,05% no acumulado de 12 meses. Ou seja, ultrapassa a marca de dois dígitos.
Os dados ficaram acima das projeções do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam variação de 1,03% em setembro e de 9,94% no acumulado.
Gasolina e energia elétrica foram os itens que, individualmente, tiveram o maior impacto no índice em setembro, ambos com 0,17 ponto percentual .
O índice oficial de inflação do país é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também calculado pelo IBGE. O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. Por isso, é conhecido como uma prévia.
Em 12 meses, o IPCA-15 registra variação bem superior à meta perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA. O teto da meta em 2021 é de 5,25%. O centro é de 3,75%.
A escalada dos preços ganhou corpo ao longo da pandemia. Inicialmente, houve disparada de alimentos e, em seguida, de combustíveis.
Alta do dólar em meio à crise política, estoques menores e avanço das commodities ajudam a explicar o comportamento dos preços.
Neste ano, a crise hídrica também passou a ameaçar o controle inflacionário. Isso ocorre porque a escassez de chuva força o acionamento de usinas térmicas, elevando os custos de geração de energia elétrica. O reflexo é a conta de luz mais cara nos lares brasileiros.
A seca, em conjunto com recentes geadas em julho, ainda afeta a produção agropecuária, pressionando os preços até as gôndolas dos supermercados.
Devido à escalada da inflação, analistas do mercado financeiro ouvidos pelo BC vêm subindo as projeções para o IPCA deste ano.
A estimativa mais recente que aparece no boletim Focus indica avanço de 8,35% ao final de 2021. Ou seja, distante do teto da meta. A edição mais recente do Focus foi publicada pelo BC na segunda-feira (20).
Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) passou a subir a taxa básica de juros, a Selic. Na quarta-feira (22), aumentou a taxa em 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano.
Em comunicado após a decisão, o colegiado indicou que fará nova elevação na mesma magnitude na próxima reunião, no fim de outubro, o que colocaria a Selic em 7,25%.
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