Puxada pela alta nos custos com energia elétrica, a prévia da inflação oficial acelerou para 0,89% em agosto, apontam dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15). Essa foi a maior variação para o mês desde 2002, quando o índice ficou em 1%.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou o resultado de agosto nesta quarta-feira (25). Em julho, o IPCA-15 havia registrado variação de 0,72%, a maior para o sétimo mês do ano desde 2004.
O índice oficial de inflação do país é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também calculado pelo IBGE. O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. Por isso, é conhecido como uma prévia.
Com o resultado de agosto, o IPCA-15 chegou a 9,30% no acumulado de 12 meses. Ou seja, registra variação superior à meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA.
O teto da meta em 2021 é de 5,25%. O centro é de 3,75%.
O IBGE informou que, em agosto, a energia elétrica subiu 5%. Assim, teve o maior impacto individual (0,23 ponto percentual) no IPCA-15.
"No contexto da crise hídrica, a bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de julho e agosto. Além disso, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional da bandeira, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos (frente a R$ 6,243 em junho). Reajustes tarifários em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Belém também explicam o resultado em agosto", aponta o IBGE em nota.
De acordo com o instituto, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em agosto.
O maior impacto (0,31 p.p.) e a maior taxa (1,97%) vieram do segmento de habitação, que foi pressionado pela energia elétrica. Aumentos nos preços do gás de botijão (3,79%) e do gás encanado (0,73%) também pesaram no resultado.
A segunda maior contribuição (0,23 p.p.) entre os grupos veio de transportes, com alta de 1,11%. A única queda nos preços foi registrada por saúde e cuidados pessoais (-0,29%).
A escalada da inflação ganhou corpo ao longo da pandemia. Inicialmente, houve disparada de alimentos e, em seguida, avanço de combustíveis.
Alta do dólar, estoques menores e avanço das commodities ajudam a explicar a pressão sobre os preços.
Neste ano, a crise hídrica também passou a ameaçar o controle inflacionário. É que a escassez de chuva eleva os custos de geração de energia elétrica. O reflexo é a conta de luz mais cara nos lares dos brasileiros.
A seca, em conjunto com as recentes geadas, ainda afeta a produção agropecuária, pressionando preços até as gôndolas dos supermercados.
A situação ocorre no momento em que o consumo de bens e serviços é desafiado pelo aumento do desemprego.
Devido à escalada da inflação, analistas do mercado financeiro ouvidos pelo BC vêm subindo suas projeções para o IPCA deste ano.
A estimativa mais recente que aparece no boletim Focus indica avanço de 7,11% ao final de 2021. Ou seja, acima do teto da meta. A edição mais recente do Focus foi publicada pelo BC na segunda-feira (23).
Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) passou a subir a taxa básica de juros, a Selic. No último dia 4, confirmou uma alta de 1 ponto percentual, que levou a Selic para 5,25% ao ano.
Os juros mais altos, por outro lado, podem frear os investimentos de empresas e o consumo das famílias.
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