RIO DE JANEIRO - A produção de ovos de galinha seguiu em crescimento no Brasil e alcançou novo recorde em 2022. Enquanto isso, a de leite de vaca caiu para o menor patamar em quatro anos.
É o que indicam os dados da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), divulgada nesta quinta-feira (21) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o levantamento, o país produziu 4,9 bilhões de dúzias de ovos de galinha em 2022, o maior nível da série histórica iniciada em 1974. O crescimento foi de 1,3% ante 2021 (4,8 bilhões de dúzias).
Tradicionalmente, o ovo é considerado um substituto das carnes por mostrar preços mais acessíveis. Esse fator, conforme o IBGE, ajuda a explicar o crescimento da produção em 2022.
Os preços das carnes dispararam nos últimos anos, mas mostram queda no país em 2023 — período ainda não analisado pela PPM. Economistas dizem que o alívio recente ocorre devido à ampliação da oferta de mercadorias no mercado interno.
Segundo o IBGE, outro incentivo para o aumento da produção de ovos em 2022 veio da avicultura de corte. Em outras palavras, com a demanda por carne de frango em alta, também houve necessidade de ovos para a geração de novos animais.
"A gente teve aumento do abate e da exportação de frangos. Para suprir essa demanda, é preciso ter mais ovos. É um estímulo [à produção]", afirma Mariana Oliveira, supervisora da PPM.
"Em 2022, o poder de compra do brasileiro estava afetado. O preço das carnes estava alto. O ovo tem o papel de proteína acessível", acrescenta.
O Sudeste lidera a produção de ovos de galinha no país. Em 2022, a região respondeu por 39,9% do total, o equivalente a 1,95 bilhão de dúzias.
O município de maior destaque é Santa Maria de Jetibá (a 85 km de Vitória). A cidade do Espírito Santo contabilizou 318,6 milhões de dúzias.
Já a produção de leite de vaca no Brasil teve queda de 1,6% em 2022, conforme a PPM. A atividade somou 34,6 bilhões de litros, o menor patamar desde 2018 (33,9 bilhões) — ou seja, em quatro anos.
Com a oferta reduzida, o preço médio para o produtor subiu a R$ 2,31 por litro em 2022, o maior nível da série. A alta foi de 19,7% ante 2021, diz o IBGE.
De acordo com instituto, a carestia dos insumos desestimulou produtores nos últimos anos, especialmente os menores. Assim, parte desse grupo pode ter abandonado a atividade em busca de opções mais rentáveis, como a produção de grãos.
"Essa queda da produção pode ser interpretada como um desestímulo", afirmou Oliveira.
O Sul se manteve como líder da atividade. A região produziu 11,7 bilhões de litros de leite em 2022 (ou 33,8% do total).
Entre os municípios, o principal destaque permaneceu com Castro (a 160 km de Curitiba). A produção do município paranaense foi de 426,6 milhões de litros no ano passado (ou 1,2% do total).
Outro item analisado na PPM é o mel. Em 2022, a produção teve alta de 9,5%, chegando ao recorde de 61 mil toneladas.
Conforme o IBGE, o crescimento está relacionado a condições climáticas que proporcionaram "maior disponibilidade de recursos alimentares para as abelhas".
"A demanda crescente por produtos naturais e saudáveis, nacional e internacionalmente, também tem impulsionado a produção apícola", acrescenta o instituto.
No caso do mel, o Nordeste é a região que lidera o ranking. Em 2022, a produção local foi de 23,6 mil toneladas (38,7% do total).
Entre os municípios, o destaque fica com Arapoti (a 251 km de Curitiba). A cidade do Paraná contabilizou 991,7 toneladas de mel.
Além do leite de vaca, dos ovos de galinha e do mel, citados acima, os ovos de codorna, os casulos de bicho-da-seda e a lã também integram a lista dos principais produtos da pecuária analisados na PPM.
Em 2022, a soma do valor de produção dessas mercadorias foi de R$ 107,6 bilhões, um aumento de 17,9% em relação ao ano anterior.
A principal participação veio do leite: R$ 80 bilhões ou 74,4% do total. Ovos de galinha (R$ 26,1 bilhões ou 24,2%) e mel (R$ 957,8 milhões ou 0,9%) vieram em seguida.
A pesquisa do IBGE ainda traz dados sobre a produção de peixes. Em 2022, a atividade alcançou 617,3 mil toneladas no país, o maior nível de uma série histórica iniciada em 2013. O aumento ante 2021 foi de 6%. A tilápia é a principal espécie.
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