Em mais um sinal de fragilidade, a produção industrial brasileira caiu 0,4% em setembro, na comparação com o mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (4). Foi o quarto resultado negativo em sequência.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção teve baixa de 3,9%. As expectativas de economistas, segundo pesquisa da agência Reuters, eram de queda de 0,3% na variação mensal e de 4% na base anual.
Com os resultados, a produção da indústria ficou 3,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia. Também está em nível 19,4% inferior ao recorde, registrado em maio de 2011.
André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, atribuiu a perda de fôlego da indústria a um "conjunto de fatores".
O primeiro é a desarticulação de cadeias produtivas ao longo da pandemia, o que abalou o fornecimento de insumos e aumentou o preço de matérias-primas.
Não bastasse isso, a produção também sofre com dificuldades do mercado interno, disse Macedo.
Segundo ele, o mercado de trabalho "ainda está longe de mostrar uma recuperação consistente", e o poder de compra da população também é prejudicado pela escalada da inflação. Os dois fatores inibem o consumo de bens industriais.
"O setor, claramente, vem em uma trajetória descendente", afirmou Macedo.
Na comparação com agosto, 10 dos 26 ramos industriais recuaram em setembro. Os maiores impactos negativos vieram do segmento de produtos alimentícios, que recuou 1,3%, e de metalurgia, com baixa de 2,5%.
"Podemos observar sinais negativos em segmentos importantes no setor de alimentos, como a parte relacionada ao açúcar, por causa das condições climáticas adversas que prejudicaram a cana-de-açúcar", disse Macedo.
"Outro setor com comportamento negativo foi o das carnes bovinas, explicado pela suspensão das exportações desse produto para a China no início de setembro, por conta do 'mal da vaca louca'. Isso impactou negativamente o setor de alimentos", acrescentou.
Conforme o IBGE, a produção industrial fechou o terceiro trimestre de 2021 com queda de 1,1%. No ano, o acumulado ainda é positivo, com alta de 7,5%. Em 12 meses, o avanço foi de 6,4%.
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