Com o agravamento da pandemia, a produção industrial caiu 2,4% em março na comparação com fevereiro, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a segunda redução consecutiva do resultado do setor.
A baixa é mais um sinal de perda de fôlego da atividade econômica na largada deste ano. Em fevereiro, a produção industrial havia caído 1% após nove meses de resultados positivos.
Além do recrudescimento da Covid-19, a interrupção de programas de estímulo também freou a economia no primeiro trimestre. O auxílio emergencial, por exemplo, só foi retomado em abril
Já na comparação com março do ano passado, a produção industrial cresceu 10,5%. À época, o país vivia a fase inicial da crise sanitária, com os primeiros impactos do coronavírus na rotina de empresários e trabalhadores.
Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam queda de 2,8% para a produção industrial na comparação mensal e alta de 8,5% no recorte anual.
André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, avalia que a retração de 2,4% tem "uma associação bem clara com o recrudescimento da pandemia". Fatores como inflação e desemprego em alta completam o cenário de dificuldades que provoca freio na atividade das fábricas, diz o analista.
"O resultado tem uma relação direta com o início de 2021, de menor ritmo de produção. Tem uma associação bem clara com o recrudescimento da pandemia e todos os efeitos que isso traz para o processo produtivo", afirmou.
"Com o agravamento da crise, restrições de mobilidade, fim do auxílio (emergencial) e contingente importante de (trabalhadores) desocupados e subutilizados, há um comportamento de redução da produção, intensificado em março", acrescentou.
No acumulado do primeiro trimestre de 2021, a produção industrial teve alta de 4,4%. Em 12 meses, a queda foi de 3,1%, segundo o IBGE.
Devido às dificuldades na largada deste ano, a indústria retornou ao nível do pré-pandemia, verificado em fevereiro de 2020, ressaltou Macedo. Ou seja, o setor zerou os ganhos acumulados após o impacto inicial da crise sanitária.
O patamar recorde de produção foi registrado em maio de 2011. O nível do terceiro mês de 2021 está 16,5% abaixo do pico da série histórica.
Em março, 15 dos 26 ramos industriais ficaram no vermelho. Segundo o IBGE, a principal influência negativa veio de veículos automotores, reboques e carrocerias, cuja produção amargou tombo de 8,4% frente a fevereiro.
Por outro lado, entre as 11 atividades em alta, os destaques foram indústrias extrativas (5,5%), outros equipamentos de transporte (35%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%).
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou, no último dia 27, que a "economia terá problemas enquanto toda a população não for vacinada". Durante a crise sanitária, outra queixa recorrente de empresários é a escassez de insumos e a disparada de preços de matérias-primas, reflexos do desarranjo de cadeias produtivas e da alta do dólar.
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