Um racionamento de energia que reduza em 10% o consumo de eletricidade por um ano poderia tirar 1,2 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 2022 e zerar o crescimento do país, segundo cálculos de economistas da XP.
Para o ano que vem, a XP reduziu as previsões de crescimento do PIB de 1,7% para 1,3%, pelos efeitos da política monetária mais apertada e das incertezas crescentes, com o cenário eleitoral se aproximando e uma perspectiva de desaceleração da economia internacional.
Um racionamento forte no ano que vem, portanto, poderia praticamente zerar as expectativas de crescimento e até aumentar os risco de uma recessão em 2022.
Apesar dos demais fatores de risco, a crise hídrica, que levou a uma baixa dos reservatórios das usinas hidrelétricas, é o fator que mais preocupa os economistas agora.
Há um risco de racionamento de até 30%, o que seria a principal ameaça para a atividade doméstica no ano que vem, além de uma desaceleração da economia global que já é vista, dizem os economistas Caio Megale e Rodolfo Silva, da XP.
"Estou mais preocupado com o fornecimento de energia do que com a ruptura do teto de gastos para acomodar eventuais despesas", diz Megale.
Reportagem recente do jornal Folha de S.Paulo apontou que o governo já trabalha com o risco de o país enfrentar um "sufoco" energético também em 2022, o que teria pesado na decisão de contratar usinas térmicas (mais caras) emergenciais para reforçar o sistema.
A avaliação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostra que o país deve começar 2022 com os reservatórios das hidrelétricas em um estado muito mais grave do que no início deste ano.
Apesar de o racionamento significar PIB perto de zero no ano que vem, para a inflação em 2022 a redução forçada no consumo de energia ainda teria caráter inflacionário por prejudicar a oferta.
Isso poderia causar um aumento de 0,6 p.p. na inflação, diz Tatiana Nogueira, também da XP, além de impacto nos demais preços.
Em agosto, o IPCA (Índice de Preços ao Consumido Amplo) registrou a maior alta para o mês em 21 anos, de 0,87%, divulgado na semana passada.
Na última semana, os analistas de mercado ouvidos pelo Boletim Focus, do Banco Central, voltaram a elevar as estimativas para a inflação deste ano, em 8%.
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