O mau desempenho do setor da indústria geral do Estado, que registrou queda de 7,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2019 em comparação com o trimestre anterior, pode perdurar por alguns anos.
Segundo o professor de Economia da Ufes e coordenador do Observatório do Desenvolvimento Capixaba, Ednilson Felipe, o momento é de desafio e o setor ainda deve levar tempo para voltar a crescer. Não há, no curto prazo, nenhum motor a vista para puxar a indústria do Espírito Santo para cima, diz.
Mesmo com dificuldades sofridas pelo setor industrial, a alta do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo, que foi de 2,5% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores.
A baixa no desempenho da indústria, segundo análise do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) foi puxada pelos setores extrativista, de petróleo e de celulose. No Espírito Santo, a gente tem um PIB muito concentrado em poucos setores. Uma das mazelas é que, quando essas atividades não reagem, todo o PIB sofre com isso, explica o professor.
A indústria extrativista do Estado ainda sofre com as consequências da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro deste ano, que refletiu negativamente na extração e produção de minério de ferro. O especialista explica que, além disso, há o fato de que o mercado externo não está muito favorável.
Quando, com a crise, o ambiente externo se deteriorou, a gente também piorou. Hoje, o mercado externo não atrapalha e nem ajuda. Já teve um tempo em que essas empresas dominavam o crescimento, mas não é mais o caso, afirma.
Já a produção do petróleo vem caindo desde o ano passado e alcançou em julho deste ano o nível mais baixo dos últimos nove anos, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Mesmo com esse cenário, o presidente do IJSN, Luiz Paulo Velloso Lucas, acredita que esse é um setor promissor, apesar de admitir que é um dos principais responsáveis pelo desempenho ruim da indústria capixaba no segundo trimestre.
É um setor muito promissor para o Espírito Santo. A volta do leilões, a expectativa de investimento offshore são muito significativas e vão provocar investimentos, afirma.
O economista, no entanto, lembra que esses investimentos, mesmo que importantes, devem demorar até se refletirem no PIB capixaba. O investimento não acontece rapidamente. Depois dos leilões, ainda devemos esperar cerca de três anos até que haja retorno. A empresa vencedora tem que fazer contrato, pesquisas, dimensionar os investimento necessários para operar aquele campo. Isso demora, diz Felipe.
Outro setor importante para o Estado e que sofreu queda foi o de celulose, que caiu 28,5% no primeiro semestre. Uma retração global em preços e na demanda pela commodity tem forçado uma redução na produção na unidade da Suzano (empresa que nasceu da fusão da Suzano com a Fibria) em Aracruz, no Norte do Estado. Para diminuir os custos de produção, a empresa está favorecendo fábricas em outros Estados.
O cenário para a indústria capixaba é de desafio, afirma o especialista. Nesse período é preciso fazer estrategias de sobrevivência como redução de custos, aproveitar para fazer treinamentos. É mais um período de ajustes. Não dá para contar com a demanda porque ela não vai vir tão cedo, conclui.
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