> >
Risco fiscal faz dólar bater recordes, mesmo após intervenções do BC

Risco fiscal faz dólar bater recordes, mesmo após intervenções do BC

Mesmo depois de dois leilões, de US$ 4,6 bilhões, moeda americana renovou marca histórica, com alta de 1,03%; na manhã desta terça, atingiu pico de R$ 6,16

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 10:32

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Redação, O Estado de S. Paulo

Novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e a piora das perspectivas do Tesouro para a dívida do governo se somaram nesta segunda-feira (16), a um cenário já nada bom e fizeram o dólar bater um novo recorde histórico desde a criação do real. Mesmo com duas intervenções do BC durante as operações, a moeda americana fechou o primeiro dia da semana cotada a R$ 6,09, com alta de 1,03% em relação a sexta-feira (13). Foi a terceira valorização consecutiva do dólar, que segue indiferente às ações da autoridade monetária para tentar conter a desvalorização do real.

Na manhã desta terça-feira (17), o dólar também opera em alta, atingindo o pico de R$ 6,16. O BC interveio, porém, para reduzir a pressão sobre a moeda brasileira, conseguindo uma desacelaração.

dólar
Dólar opera em alta e bate recordes. ( jcomp/ freepik)

Segundo analistas, além da procura por dólares para remessas de empresas ao exterior, há uma demanda por proteção cambial que reflete o aumento da percepção de risco fiscal do país.

A demora na apreciação das medidas de cortes de gastos pelo Congresso, em uma janela cada vez menor de prazo, e as pressões para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entre em campo para evitar desidratação do pacote são parte importante desse cenário desfavorável à moeda brasileira.

Além de serem consideradas insuficientes, as medidas de contenção de gastos do governo podem ser diluídas no Congresso, que tem prazo exíguo para aprová-las ainda neste ano. O recesso parlamentar começa no dia 23 e vai até 1.º de fevereiro de 2025.

"O dólar segue em tendência de alta, que está muito ligada à questão do risco, com as incertezas fiscais e a piora nas estimativas de inflação. Isso afasta investimentos do país. Mesmo com o BC atuando, o real continuou a se depreciar", diz a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, lembrando que há ainda um clima de cautela à espera da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre o rumo dos juros nos EUA.

Pela manhã, o BC realizou dois leilões de dólares à vista com compromisso de recompra, em operações que somaram US$ 4,62 bilhões (R$ 28,2 bilhões). Foi o terceiro dia útil seguido com leilões de dólares desde a quarta-feira da semana passada, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) apertou o passo e aumentou a taxa básica de juro (Selic) em um ponto porcentual, para 12,25%, sinalizando mais duas outras altas de mesma magnitude. O choque nos juros é uma tentativa de conter a inflação diante da desconfiança do mercado quanto à disposição do governo de equilibrar suas contas.

Dívida maior

Ainda ontem, o Tesouro Nacional divulgou relatório em que aponta a piora do grau de endividamento do governo nos próximos anos, tendo como pano de fundo a deterioração das condições resultante do novo ciclo de alta do juro e do acúmulo de resultados negativos entre as despesas e a arrecadação do governo - o chamado déficit primário. (COM ANTONIO PEREZ) Fonte: Dow Jones Newswires. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais