Um mercado sem caixa, sem funcionários e um aplicativo que permite qualquer pessoa comprar de tudo que se vende numa mesma cidade. A Zaitt e a Shipp, duas startups que nasceram no Espírito Santo, têm expandido pelo país e faturado milhões de reais por mês.
Os dois negócios, fundados pelo mesmo time de empreendedores, têm chamado atenção pela tecnologia que estão por trás deles e pelo modelo pautado na economia compartilhada.
A inovação da Zaitt, a primeira loja autônoma da América Latina, chamou atenção do Carrefour, rede varejista que fechou parceria para abastecer a unidade da marca capixaba em São Paulo.
Agora, os planos, segundo o CEO da empresa, Rodrigo Miranda, é levar a plataforma de automação para outras companhias do varejo ao mesmo tempo em que a Shipp, com foco em delivery, expande-se para mais cidades do país. Confira entrevista:
Como surgiu a ideia de criar a Zaitt?
Há três anos, em 2016, quando meus três sócios e eu terminamos a faculdade de Engenharia Mecânica, estávamos com muita vontade de montar um negócio próprio. Então criamos a Zaitt, que no início era um delivery de bebidas por aplicativo. No início, nós fazíamos tanto a gestão do negócio quanto a entrega com nossos próprios carros. Era uma jornada pesada de 8 da manhã até meia noite todos os dias. Chegamos a abrir em 2016 uma lojinha de conveniência em Jardim da Penha, no local onde guardávamos nosso estoque, mas queríamos ampliar nossa ideia. Não queríamos ser apenas uma empresa do varejo ou de delivery.
A empresa é bem nova e em pouco tempo passou por transformações. Vocês já tinham essa pegada mais digital, mas como foi migrar o negócio para um conceito ainda mais tecnológico e inovador?
Em abril de 2017, estávamos com várias ideias para o nosso negócio, mas duas saltavam os olhos. Uma delas era o plano de criar um delivery do futuro, de entregar qualquer coisa que o cliente quisesse. Podia ser comida, compras de supermercado, remédio... Queríamos levar mais facilidade. Fundamos aí a Shipp. Ao mesmo tempo, estudávamos uma transformação na Zaitt. Abandonamos o delivery de bebidas para fundar o conceito de mercado inteligente. Abrimos a primeira loja da Zaitt já nessa nova roupagem em meados de 2017. Foi uma mudança completa de direção e de estratégia. Ficamos com esses dois projetos em paralelo. A Shipp está crescendo pelo país e Zaitt virou um case no varejo.
Vocês planejam abrir novas lojas da Zaitt?
Hoje estamos com duas lojas próprias, mas agora nossa proposta é fazer parcerias com redes varejistas para que elas possam ter suas lojas autônomas. Estamos como série de negociações com grandes redes, marcas de cosméticos, indústrias, empresas da moda. Nós queremos oferecer a tecnologia que usamos na Zaitt para outras empresas.
Vocês querem ser reconhecidos como uma empresa de tecnologia então? Querem ser um negócio que desenvolve inovações para atender a outras empresas?
Exato. Queremos oferecer essas plataformas de automação. Nada que a gente fez até agora foi muito linear. Fomos criando produtos. Percebemos que tem uma série de empresas mais eficientes no setor varejista que a gente. A Zaitt foi importante para abrir mercado para a tecnologia que desenvolvemos. Deixamos, com isso, de ser uma empresa de varejo para sermos um negócio que produz inovações. A loja de São Paulo, por exemplo, já é mais evoluída no quesito tecnologia do que a de Vitória. Neste ano vamos lançar outras com uma automação ainda mais avançada.
Qual a diferença entre as lojas de Vitória e a de São Paulo?
Na loja de Vitória, o cliente baixa o aplicativo, se cadastra e assim consegue abrir a loja para ele entrar. No local, ele precisa escanear o produto e confirma a compra quando sai da loja. Na unidade de São Paulo, usamos câmeras para traduzir o que ocorre na loja. O cliente não precisa escanear o produto. A própria loja identifica quais mercadorias a pessoa está comprando. Assim que o consumidor sai do local ocorre a cobrança no cartão de crédito.
As pessoas demoram quanto tempo para fazer as compras na Zaitt?
A loja de São Paulo ainda tem o efeito novidade. Os dados não são representativos. Em Vitória, as pessoas gastam em média um minuto.
A Shipp têm seguido o mesmo sucesso da Zaitt?
A Shipp apresenta um crescimento fantástico de dois dígitos ao mês. Isso ocorre porque estamos aprimorando o atendimento. Além disso, estamos iniciando o serviço em um novo município a cada três meses. Tem sido uma expansão rápida. Construímos uma rede de fornecedores e depois colocamos os usuários para usar. Mostramos que a Shipp é uma plataforma de compras, não só de entrega de comida. Vendemos vários produtos.
O que vocês entregam?
A gente entrega de tudo. desde um hambúrguer a ventilador de teto. Nós não nos limitamos a vender apenas o que os nossos parceiros colocam no cardápio. O legal é que o cliente pode pedir qualquer produto à venda na cidade que nossos entregadores compram e entregam. Oferecemos um serviço personalizado e que não se limita ao que está no aplicativo.
Vocês já falam abertamente sobre qual é o faturamento anual dos dois negócios?
Nós ainda não abrimos esses números, mas já passamos de sete dígitos por mês de receita.
O número de sócios continua o mesmo?
Somos quatro sócios fundadores, mas temos outros investidores.
Quais são os planos de vocês daqui para frente?
Nossa ideia é oferecer o serviço de automação da Zaitt para abrir um maior número de lojas possível com esse novo conceito.
Vocês pretendem expandir para outros países?
Temos feito uma série de contatos na América Latina, na Suécia, mas o nosso principal foco é o Brasil.
Hoje vocês empregam quantas pessoas?
Temos dois escritórios da Shipp, um em Vitória e outro em São Paulo. Mas temos pessoas trabalhando também no Rio e Joinville (SC). Já o escritório da Zaitt fica em São Paulo. Com as duas empresas, temos 80 empregados. Na Shipp, já temos mais de 10 mil entregadores.
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