A rede de livrarias Saraiva anunciou em fato relevante divulgado nesta quinta-feira (21) que fechou as lojas físicas restantes e que vai manter a venda de livros somente pelo site da empresa a partir da próxima segunda-feira (25).
Na manhã desta quinta (21), uma unidade da rede na região central de São Paulo já não abriu as portas. A companhia tinha cinco lojas físicas em todo o país.
Em recuperação judicial desde 2018, a empresa demitiu seu corpo de funcionários na quarta (20).
Os cerca de 150 colaboradores dispensados estavam distribuídos entre as áreas administrativas, na sede da companhia, e as lojas restantes. A informação foi publicada pelo site PublishNews e confirmada pela reportagem.
No fato relevante divulgado nesta quinta, a Saraiva afirma que, seguindo o fechamento das lojas, "houve respectiva redução proporcional do quadro de colaboradores" --mas não informou o número de demissões.
A rede também afirmou que o ex-CEO Marcos Guedes deixou o Conselho de Administração da empresa.
"A companhia informa, ainda, que recebeu, no último dia 21 de setembro de 2023, por questões de foro pessoal, o pedido de renúncia do Sr. Marcos Guedes Pereira, membro do Conselho de Administração da Saraiva", disse a empresa.
De acordo com o último balanço financeiro da empresa, referente ao segundo trimestre deste ano, a receita líquida de lojas físicas no período foi de R$ 7,2 milhões -o que representa uma queda de 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No site, as vendas líquidas foram de R$ 100 mil, uma queda de 78,6% em relação ao segundo trimestre de 2022. No período, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 16,1 milhões.
A Saraiva tinha cinco lojas físicas, sendo quatro no estado de São Paulo e uma em Campo Grande (MS).
Na cidade de São Paulo restavam duas -no Shopping Aricanduva, zona leste, e na Praça da Sé, no centro, que não abriu as portas às 9h desta quinta-feira. Havia também uma unidade em Santo André e outra em Jundiaí.
No início desta semana, dois membros do conselho renunciaram às posições acusando a existência de uma falsa ata do Conselho de Administração assinada pelo presidente.
"A Companhia se encontra em recuperação judicial e com situação complexa frente ao cenário econômico do varejo brasileiro. Como já apresentado em fatos relevantes a atividade da Companhia reduziu-se expressivamente e, infelizmente, alguns pagamentos, inclusive o de Conselheiros, estão atrasados, o que, provavelmente irá gerar outras renúncias de conselheiros eleitos", disse a empresa em fato relevante publicado na terça (19).
A história da recuperação judicial da Saraiva se estende desde novembro de 2018, quando apresentava dívida de cerca de R$ 675 milhões.
A situação financeira da Saraiva foi agravada com a pandemia. Tanto ela quanto a Livraria Cultura enfrentaram quedas de faturamento e precisaram encerrar as atividades de várias filiais.
Em abril de 2020, a Saraiva demitiu 500 funcionários, depois de negociações com o Sindicato dos Comerciários de São Paulo.
Em 2021, o leilão que a rede abriu com o objetivo de vender parte de suas operações não atraiu nenhum comprador habilitado. O movimento era parte do acordo de recuperação judicial da empresa, que já ostentou o posto de maior varejista de livros do Brasil.
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