Com a redução da Selic de 2,25% para 2% ao ano, o Brasil deve ter um juro real (juro nominal descontado da inflação) negativo em 0,71% nos próximos 12 meses, segundo cálculo da Infinity Asset. Neste cenário, para que o dinheiro não perca valor, é preciso buscar investimentos que rendam acima dos 2,97% de inflação esperada para o período, segundo o boletim Focus.
Neste cálculo, a barra da rentabilidade fica nos 156% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), taxa baseada na Selic que determina o rendimento anual de uma série de investimentos.
Segundo levantamento do buscador de investimentos Yubb, os produtos de renda fixa com maior rentabilidade são CDBs de bancos pequenos no mercado secundário, que chegam a render 155% do CDI. O CDB, porém, tem incidência do imposto de renda, o que reduz a rentabilidade líquida.
Eles são títulos de dívidas de BMG, Fibra, NBC Bank e PAN, que estão sendo revendidos pela corretora após o credor primário fazer o resgate antes do vencimento.
Como são instituições financeiras de menor porte, o risco de elas não pagarem é maior, por isso o retorno maior. Apesar do CDB ter cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), a garantia contra calote é limitada a R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira.
A poupança, mesmo isenta de IR, tem retorno menor por render apenas 70% da Selic ao ano para depósitos posteriores a maio de 2012. O rendimento da poupança antiga segue em 0,5% ao mês.
Já os títulos do Tesouro prefixados e atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, têm rendimentos mais expressivos, que variam de 3,9% a 6,7% ao ano.
Segundo especialistas, para proteger o capital da inflação, é preciso diversificar a carteira, combinando ativos de renda fixa e variável, com foco no longo prazo.
"O investidor conservador vai ter que tomar mais risco, até mesmo na renda fixa, com um título do governo mais longo, um CDB [Certificado de Depósito Bancário] de banco menor ou uma debênture", diz Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha.
Ele aponta que o investimento em imóveis também ganha atratividade com o juro baixo. "Comprar ou alugar um apartamento vai ser mais vantajoso do que deixar o dinheiro no banco por menos de 2% ao ano."
Para identificar o seu perfil de risco (agressivo, arrojado, moderado ou conservador), é preciso fazer testes disponíveis em corretoras e bancos, que levam em conta patrimônio, idade, objetivo, tolerância ao risco, entre outros.
"O investidor não precisa necessariamente ser mais arrojado, mas pensar mais no longo prazo. É preciso combinar o perfil de risco com o objetivo do investimento para encontrar a melhor composição da carteira", diz Jayme Carvalho, planejador financeiro CFP pela Planejar.
Ele aponta que para investir na Bolsa de Valores, o objetivo deve ser de, no mínimo, dois anos.
Também é preciso estar atento a taxas cobradas pelo banco ou corretora em cada produto, que reduzem o rendimento.
"As pessoas precisam parar de pensar em investimentos como algo para ficarem ricas e sim algo para preservar patrimônio", diz Carvalho.
Antes de investir, é preciso garantir a reserva emergencial. Ela consiste em, no mínimo, seis meses de gastos mensais alocados em um investimento de renda fixa que possa ser resgatado no mesmo dia sem perda de valor, como o Tesouro Selic, fundos DI e CDBs. Essa reserva deve ser utilizada em caso de desemprego ou de emergências médicas para evitar a contração de dívidas.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta