Já dizia vovó que ninguém sabe o dia de amanhã. Apesar de ser verdade, muitas empresas resolveram contestar o dito popular, investindo em novas tecnologias com o objetivo de estar mais que prontas quando o futuro chegar. Esta tendência mundial, conhecida como transformação digital, tem inúmeros adeptos no Espírito Santo.
Engana-se quem acha que se tratam apenas de empresas jovens ou com produtos e serviços ligados diretamente à tecnologia. Um dos exemplos no mercado capixaba é o aplicativo de mobilidade V1, da VIX Logística, que integra o Grupo Águia Branca, conglomerado com mais de 70 anos de experiência com transportes.
O V1 surgiu quando a empresa identificou uma oportunidade de oferecer um serviço que já realizava, mas em um formato diferenciado no mercado. Já realizávamos operações dedicadas com empresas específicas, em que o serviço era montado em função de certa demanda, atendendo pessoas jurídicas. Com a grande tendência de compartilhamento que temos hoje, percebemos que com um aplicativo poderíamos oferecer o mesmo serviço de qualidade com custo mais atrativo para pessoas físicas, explica o vice-presidente GAB Logística e CEO do V1, Kaumer Chieppe.
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Mas, segundo ele, não foi tão fácil. Dentre os desafios de adaptação das operações e de marketing, ao buscar um novo público, a equipe também precisou se aprimorar no universo mobile, mesmo já trabalhando no ambiente digital anteriormente.
Esse mundo do smartphone é muito avançado, pois precisamos oferecer ao cliente todas as features necessárias. E é algo que está sempre evoluindo, o digital não para. Têm sempre novas demandas e já temos um road map para entregar novas funções, afirma.
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Em constante mudança, um dos objetivos é transformar o V1 em uma plataforma, oferecendo outros serviços. Um deles, que está no forno, é um rent-a-car completamente digital, uma locação de veículos sem motorista, por diária, e que teria vários pontos na Grande Vitória onde o cliente possa pegar e entregar o veículo, adiantou Chieppe.
Ainda em fase de estudos, a expectativa é de que seja apresentado ao público em alguns meses. Um grande diferencial, segundo o CEO, seria a opção de um motorista do V1, que são funcionários da empresa, entregar o veículo para locação na casa do cliente ou outro local escolhido, aumentando ainda mais a comodidade.
O investimento vem alinhado aos resultados que estão sendo alcançados. Apesar de ainda não ser autossustentável, o aplicativo vem atingindo as metas previstas mês a mês.
Nossa expectativa é virar para o azul antes do fim do ano e com isso conseguir algo inédito. Até hoje, nenhum aplicativo de mobilidade dá resultado em nenhum lugar do mundo e estamos próximos e confiantes de alcançar o feito, explica.
Outro exemplo pioneiro em Vitória é o drive-thru do Supermercado Extrabom, na unidade de Jardim Camburi. Inédita no Estado, a novidade permite que os cliente façam compras pelo site ou aplicativo e busquem na loja sem sair do carro.
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O drive é um exemplo da integração das nossas lojas físicas com a loja on-line. A gente não pensa isso mais de forma separada. Podemos dizer que é a cereja do bolo na comodidade do cliente, que sai do trabalho, escolhe os produtos no celular e no caminho para casa já passa e pega, destaca o gerente de Marketing da Rede Extrabom, Yuri Côrrea.
A empresa, que também conta com oito unidades com autoatendimento na rede, tem um comitê de inovação multidisciplinar que se reúne periodicamente para discutir tendências de mercado e pensar soluções tecnológicas para impulsionar o negócio.
Faz parte da nossa cultura, pensando a longo prazo, em ter uma empresa perene, que perdure por gerações. Por que se paramos para pensar só no hoje, corremos um grande risco de ficarmos para trás, destaca o gerente de Marketing.
Análises
É UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA
A transformação digital é uma questão de sobrevivência no contexto em que vivemos hoje. Já faz um tempo que a sociedade vem passando pelo atual processo de automação da informação, cada vez mais rápido, e as empresas precisam acompanhar. Essa mesma velocidade e agilidade são necessárias para trabalhar informações e dados dos seus clientes e funcionários. O que eu gosto de tomar como exemplo é: você se vê hoje trabalhando sem seu smartphone? Não. É da mesma forma que percebemos nas empresas. Não dá para uma indústria, que está pressupondo disputar no mercado de forma cada vez mais rápida e globalizada, tentar manter técnicas que já funcionaram há 20 anos. Talvez hoje ainda tenha espaço, mas nos próximos cinco anos, quem não se transformar não vai conseguir se posicionar. Apesar de ser um movimento tecnológico, as exigências recaem sobre os profissionais, para que tenham menos capacidades motoras e mais habilidades de cognição. Ou seja, que estejam preparados para pensar, analisar, interpretar e tomar decisões. Com máquinas sempre mais inteligentes, os seres humanos não terão mais necessidade de atuar em atividades repetitivas e as pessoas precisam estar preparadas para ficar com a parte que as máquinas não vão fazer: criatividade, capacidade de interpretação, análise de situações complexas e a própria tomada de decisão. A maior preocupação das empresas é exatamente fazer com que as pessoas tenham essa nova mentalidade.
Edglei Marques, gerente de Tecnologia e Produtividade do Instituto Senai de tecnologia (IST)
DIFERENCIAR-SE NÃO É MAIS SÓ TER PREÇO
Quando analisamos o histórico das empresas mais valiosas do mundo de acordo com o S&P 500, percebemos como a maioria das que estavam no topo em 2001 foi substituída por empresas de tecnologia de crescimento exponencial. Isso se dá pela agilidade que elas têm em se adaptar às demandas do mercado. As empresas tradicionais que sobreviveram e seguem na lista passaram obrigatoriamente pela mesma mudança de mentalidade. Aplicativos, IA, Blockchain, Machine Learning e IOT tornaram-se buzzwords que definem o mercado. Quem nunca ouviu que bitcoin é o novo sistema financeiro, ou que vamos perder empregos para os robôs? A verdadeira transformação digital está na forma de pensar o mundo com essas novas tecnologias e como se adaptar rapidamente. Isso que faz Google, Amazon e Facebook se tornarem as empresas mais valiosas. O consumidor está mais munido de informação e com acesso a diversas empresas no sofá de casa. O diferencial deixou de ser apenas preço e qualidade. É estar em busca de inovação e oferecer um serviço personalizado, de impacto e ágil. As tecnologias, nesse caso, tornam-se apenas ferramentas que ajudam a entender o consumidor, analisar seus dados, padrão de compra, onde ele está e em qual plataforma. Como disse Mark Zuckerberg: O maior risco é não correr nenhum risco. Em um mundo que está mudando rapidamente, a única estratégia que certamente vai falhar é não correr riscos.
Felipe Varejão, head de Vendas e Admissão da Gestão 4.0
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