SÃO PAULO - A troca de comando na Petrobras, após a demissão de Jean Paul Prates pelo presidente Lula (PT), foi vista com preocupação por economistas.
Para o posto de Prates, o presidente indicou a engenheira Magda Chambriard, que comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) no governo Dilma Rousseff (PT).
Na avaliação do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a Petrobras segue sofrendo ingerências preocupantes por parte do governo, a política de precificação não está pacificada e há defasagens acumuladas de preços que terão que ser revistas.
"Fica um cheiro no ar de gestão ao estilo de Dilma, algo que vai ser importante acompanhar nos próximos meses. Não foi um bom sinal, considerando o que parecem ser as motivações para a troca de Prates", diz.
Segundo o economista, o governo está criando ruídos excessivos em várias áreas nos últimos meses: fiscal, monetária e, agora, na Petrobras.
"Não se sabe também qual caminho de investimentos será seguido, mas parece se tratar de uma aposta para acelerar plantas de refino, o que justamente não deu certo nas últimas décadas", acrescenta Vale.
"A impressão que se tem é que a decisão do presidente Lula foi no sentido de forçar a Petrobras rumo ao investimento, o que ele tem todo o direito de fazer, mas inevitavelmente o efeito de curto prazo é a perspectiva de que o preço corrente das ações deve ser descontado", diz o economista André Perfeito.
Prates vinha sendo alvo de um processo de fritura nos últimos meses, depois de receber críticas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com Lula.
Em nota, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, lembra que já era evidente um desgaste significativo no âmbito político envolvendo Jean Paul Prates e os demais ministros.
Segundo ele, embora Prates tenha sido nomeado presidente da Petrobras com a expectativa de promover mudanças substanciais na gestão e no foco estratégico da empresa, "observa-se trimestre após trimestre que tais expectativas não se concretizaram".
Também em nota, a Ativa Investimentos classificou a mudança como negativa, uma vez que Prates vinha desempenhando o que a casa classificava como um "bom papel na companhia, equilibrando os interesses econômicos e políticos da empresa com sabedoria".
"Hoje, nos resultados do primeiro trimestre de 2024, quando participou apenas via vídeo, Prates ressaltou seu compromisso com a remuneração do investidor e o investimento em ativos de petróleo, o que voltará a ficar sob reavaliação após a nova mudança de gestão."
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