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‘Vai aumentar o dólar e cair a Bolsa? Paciência’, diz Lula em nova crítica ao teto de gastos

‘Vai aumentar o dólar e cair a Bolsa? Paciência’, diz Lula em nova crítica ao teto de gastos

"O dólar não aumenta ou a bolsa cai por causa das pessoas sérias, e sim dos especuladores", completou o presidente eleito, na conferência ambiental realizada no Egito, ao defender a necessidade de metas de crescimento para além de metas fiscais

Publicado em 17 de novembro de 2022 às 10:39

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ANA CAROLINA AMARAL E PHILLIPPE WATANABE

SHARM EL-SHEIKH (EGITO) - Em fala durante encontro com ONGs nesta quinta-feira (17), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu furar o teto de gastos como uma "responsabilidade social", para conseguir financiar programas sociais. Na COP27, conferência do clima da ONU que ocorre em Sharm el-Sheikh, no Egito, ele participou nesta manhã de uma reunião com a sociedade civil brasileira.

"Se eu falar isso vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência", disse Lula. "Para cumprir teto fiscal, geralmente é preciso desmontar políticas sociais e não se mexe com o mercado financeiro. Mas o dólar não aumenta ou a bolsa cai por causa das pessoas sérias, e sim dos especuladores", completou.

"Nós temos que cumprir meta de inflação, sim. Mas nós temos que ter meta de crescimento. Nós temos que ter algum compromisso de crescimento, de geração de emprego, se não, como você vai fazer para que a riqueza seja distribuída? Nós temos que garantir que vamos aumentar o salário mínimo acima da inflação", discursou em uma sala de convenções que ficou lotada com representantes de ONGs.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursa na 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-27, em Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, no Egito, nesta segunda- feira, 16 de novembro de 2022. Lula foi recebido com aplausos antes de começar seu discurso.
Lula discursa na COP27. (NARIMAN EL-MOFTY/ASSOCIATED PRESS)

Espaços adicionais para a transmissão do evento tiveram de ser organizados no começo da manhã.

"Quando você coloca uma coisa chamada teto de gastos tudo que acontece é você tirar dinheiro da saúde, tirar dinheiro da educação, tirar dinheiro da ciência e tecnologia, tirar dinheiro da cultura. Você tenta desmontar tudo aquilo que faz parte do social. E você não mexe em um centavo do sistema financeiro. Você não mexe um centavo daquele juro que os banqueiros têm que receber", afirmou também.

A fala de Lula, apesar de se dar na conferência sobre mudanças climáticas no Egito, mira a discussão econômica mais importante que ocorre nesta semana no Brasil. Na quarta-feira (16), o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), após semanas de negociação,

apresentou a minuta da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, na qual há a proposta de retirar o programa Bolsa Família do teto de gastos de forma permanente.

A medida é considerada necessária para evitar um apagão social no ano que vem, já que a proposta de Orçamento enviada em agosto pelo governo Jair Bolsonaro (PL) assegura apenas um valor médio de R$ 405,21 para os beneficiários, além de impor cortes severos nas verbas para a habitação e no Farmácia Popular.

Durante as campanhas presidenciais, tanto Lula quanto Bolsonaro prometeram valores maiores para os beneficiários.

Nesta quinta-feira, Lula terá ainda um encontro com lideranças indígenas na COP27 às 10h (do Brasil; 15h pelo horário do Egito). Ele fará também reuniões com o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, e com a ministra das relações exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.

Ambos os países são doadores do Fundo Amazônia, que deve ser destravado depois da posse de Lula.

Lula está em Sharm el-Sheikh desde a madrugada da terça-feira. No primeiro dia na cidade, fez reuniões a portas fechadas com os enviados especiais do clima de China e Estados Unidos.

Já nesta quarta-feira (16), em encontro com governadores da Amazônia, anunciou que pedirá à ONU para que o Brasil sedie a COP30, em 2025. Além disso, em seu primeiro discurso internacional desde a eleição, cobrou recursos de países ricos para que o planeta enfrente a crise climática e disse que o tema será prioridade na nova gestão.

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