As ações da Vale sobem 1,6% nesta terça-feira (14) e voltam a ser negociadas acima dos R$ 56,15, valor registrado no pregão anterior à tragédia em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Com a alta desta sessão, a companhia volta a ter o valor de mercado de R$ 296 bilhões, apagando as perdas pós-Brumadinho.
Após o rompimento da barragem em Minas Gerais, os papéis da mineradora foram a R$ 42,38, queda de 24,5% no pregão e uma perda de R$ 72 bilhões em valor de mercado em um único dia. O número oficial de mortos da tragédia é de 255 e 15 pessoas ainda são dadas como desaparecidas.
A valorização da Vale é fruto do otimismo do mercado com a empresa e com o setor. A China, maior importador do minério de ferro brasileiro, está em vias de assinar a fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos, o que deve acelerar sua economia. Nesta terça, o minério de ferro sobe 1,4%.
O preço da matéria-prima também deve subir em 2020, segundo relatório do Credit Suisse. O documento argumenta que os estoques da China terminaram 2019 em níveis muito baixos e que isso, junto ao ano novo chinês mais cedo, sugere que a produção de aço deve crescer rápido no primeiro trimestre.
O banco também cita planos de investimento em infraestrutura da China, além de oferta ainda reduzida da commodity, com os estoques dos portos nos níveis mais baixos desde setembro e com os embarques do Brasil e da Austrália caindo com o inicio da temporada chuvosa em ambos.
Do lado corporativo, segundo o jornal Valor Econômico, o Bradesco BBI recomendou compra das ações da Vale, com preço-alvo de R$ 87, indicando que a empresa é uma "subestimada máquina de fazer dinheiro em modo de diminuição de riscos". O Bradesco é um dos maiores acionistas da Vale.
Na segunda (13), o Valor Pro noticiou que Vale negocia a compra da fatia da Cemig na Aliança Energia, o que deixaria a mineradora como única dona da elétrica. A Vale visa tornar-se autossuficiente em energia até 2030 e a Aliança tem sete usinas hidrelétricas.
O cenário positivo se junta às medidas reparatórias e preventivas que a companhia tem anunciado, como a reincorporação de nove barragens semelhantes à de Brumadinho ao relevo e ao ambiente (descaracterização). A medida visa evitar novos rompimentos.
A barragem de Brumadinho se rompeu em menos de dez segundos, e despejou 9,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos em menos de cinco minutos, o equivalente a 75% do conteúdo da estrutura. Os materiais retidos na barragem apresentavam comportamento frágil, diz relatório, fazendo com que perdessem resistência.
O ocorrido é semelhante ao rompimento da barragem de Mariana, em 2015, da mineradora Samarco -que tem a Vale como uma de suas donas-, quando 19 pessoas foram mortas.
Segundo estimativas da Vale foram desembolsados com reparação, indenizações e despesas pelo desastre em Brumadinho US$ 1,6 bilhão (R$ 6,55 bilhões) em 2019. Tal valor é menor que a quantia a ser distribuída acionistas de R$ 7,25 bilhões, na forma de juros sobre capital próprio, referentes ao ano de 2019.
A provisão total relacionada a Brumadinho até 2031 é de US$ 8 bilhões (R$ 32,75 bilhões), valor que inclui a descaracterização de nove barragens.
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