As vendas de veículos leves e pesados caíram 38,2% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Os números prévios apurados via Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) mostram que 808,8 mil emplacamentos foram registrados nos seis primeiros meses do ano.
A recuperação vultosa registrada na comparação entre junho e maio (alta de 113,6% na comercialização) não surpreende o setor, que já esperava pela variação em um momento atípico.
Em relação a junho de 2019, o último mês registrou queda de 40,5% nas vendas.
A média diária de emplacamentos ficou em 6.236 unidades, mas houve picos de 9.000 carros licenciados em um único dia de junho. Isso ocorreu devido ao período em que muitas unidades dos Detrans permaneceram fechadas Brasil afora.
Com a impossibilidade de registrar os carros, houve represamento nos meses de abril e maio.
Segundo Angel Martinez, vice-presidente comercial da Hyundai Motor Brasil, cerca de 25% dos veículos emplacados no Brasil em junho haviam sido vendidos nos meses anteriores. O executivo acredita que os números ainda irão oscilar, devido à necessidade de fechar concessionárias em capitais com alta nos registros de Covid-19.
Martinez explica que, além da queda acentuada nas vendas, a pandemia do novo coronavírus reverte o fluxo normal do mercado. "Tradicionalmente, os meses de março abril e maio são mais fortes em vendas, com queda em junho e julho devido às férias".
A Hyundai Motor do Brasil fechou o mês de junho na quarta colocação no mercado nacional, atrás de General Motors, Volkswagen e Fiat.
Por enquanto, as vendas correspondem às projeções feitas pela Anfavea em maio. A associação que representa as montadoras acredita que as vendas cairão 40% em 2020 na comparação com 2019.
A entidade acredita que o consumidor mantém o interesse em adquirir um carro novo.
De acordo com uma pesquisa feita em maio pela Anfavea em parceria com o portal Webmotors, do banco Santander, 84% dos que desejam trocar de carro pretendem fazer isso ainda em 2020, apesar do cenário. Foram ouvidos 1.668 consumidores.
Entre os que desistiram de fechar negócio, a maioria (57%) afirmou que a incerteza financeira é a principal preocupação no momento.
Com a queda nas exportações, que já vinha sendo registrada bem antes da pandemia, a retomada do mercado interno se torna a esperança da indústria. A maior preocupação é o aumento da ociosidade nas fábricas, que já lidam com um prejuízo estimado em R$ 42 bilhões pela Bright Consulting.
Para Marcelo Martino, gestor da divisão automotiva da fabricante de lubrificantes Fuchs, haverá ajustes na capacidade de produção de montadoras e fornecedores, o que vai resultar em demissões. Ele defende o aumento na produção local de componentes, movimento que vem sendo discutido em reuniões entre a Anfavea e a equipe econômica do ministro Paulo Guedes.
"Fabricantes que têm acesso a crédito das matrizes sairão mais fortes da crise, mas haverá um enxugamento dos quadros. Sem um programa de apoio, os pequenos fornecedores não irão aguentar", diz Martino.
Algumas montadoras já abriram negociações com os sindicatos e propõem programas de demissão voluntária. É o caso da Volvo Caminhões, em Curitiba, que teve o plano aprovado segundo o SMC (Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba).
No último mês, a Nissan cortou 398 funcionários em Resende (RJ), cidade em que construiu seu complexo automotivo nacional. A empresa produz os modelos March, Versa e Kicks no país.
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