A Volkswagen vai dar férias coletivas de 20 dias para os trabalhadores da produção na planta de São Bernardo do Campo, no ABC, em função da falta de componentes. Os metalúrgicos ficarão fora da fábrica de 9 a 28 de maio. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a medida deve afetar cerca de 2.500 trabalhadores. Essa é a quinta vez em que a empresa é obrigada a dar férias coletivas desde o início da pandemia.
Para o coordenador do sindicato, José Roberto Nogueira da Silva, além dos semicondutores, outros componentes e peças começaram a faltar e afetar a produção na montadora. "Não foi diferente do que está acontecendo em outras fábricas do país. Tem demanda de produção, porém com a escassez de peças a fábrica não consegue atender o consumidor final. Estamos na expectativa da retomada o mais breve possível", diz.
De acordo com a entidade, a Volks conta com cerca de 8.200 trabalhadores, sendo 4.500 na produção. Atualmente a fábrica produz 800 veículos por dia.
A Volkswagen confirmou a adoção das férias coletivas na planta de São Bernardo do Campo, sem dar mais detalhes.
A fábrica no ABC paulista havia voltado a operar em dois turnos em março, após ter tido as atividades reduzidas principalmente pela falta de semicondutores. Em novembro de 2021, a planta Anchieta também foi obrigada a cortar seu ritmo de produção para um turno e colocar cerca de mil colaboradores em lay-off, como é chamada a suspensão temporária de contratos.
Ao jornal alemão "Boersen-Zeitung", um executivo da empresa disse, em abril, que o fornecimento de semicondutores deve melhorar neste ano e ao longo de 2023, mas só deve se normalizar em meados da década. "Vemos uma falta de oferta em 2022 que provavelmente diminuirá um pouco no terceiro ou quarto trimestre. A situação deve melhorar em 2023, mas o problema estrutural ainda não estará totalmente resolvido", disse o executivo.
Desde a pandemia, diferentes fabricantes têm sido obrigados a parar sua linha de produção por conta da falta de componentes. O setor automotivo é um dos principais afetados, mas a falta de semicondutores também impactou outros segmentos, como o de eletrônicos.
O surto recente de Covid-19 na China continua afetando as cadeias de produção. Diversas linhas de fabricação de semicondutores e automóveis foram forçadas a suspender ou reduzir a produção em Xangai e nas regiões vizinhas por causa de controles do vírus e da falta de suprimentos. Uma fabricante de veículos elétricos avisou em 14 de abril que as montadoras chinesas poderão ter que interromper a produção em maio se as paralisações persistirem na área de Xangai.
Uma pesquisa da Câmara de Comércio da União Europeia na China apontou que 30% das empresas entrevistadas disseram ter sido atingidas por interrupções no fornecimento. A Câmara Americana de Comércio na China descobriu que 57,3% das empresas pesquisadas foram afetadas pelas interrupções.
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