Mais da metade dos brasileiros é a favor da volta do horário de verão, segundo pesquisa Datafolha realizada de 13 a 15 de setembro.
Segundo o instituto, 55% apoiam a iniciativa. Outros 38% rejeitam adotar o sistema em que os relógios são adiantados em uma hora durante uma parte do ano para que haja uma hora a mais de claridade durante o dia. Os demais são indiferentes ou não souberam responder.
Pesquisa Datafolha sobre o tema feita em setembro de 2017 mostrou que 58% aprovavam o programa, e 35% eram contra.
O horário de verão foi extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sob o argumento de que já não garantia grande economia de energia enquanto causava transtornos para trabalhadores, principalmente aqueles que dependem do transporte público ainda de madrugada.
O recorte da pesquisa mostra que a adesão é maior entre estudantes (74%), pessoas de 16 a 24 anos (71%) e com ensino superior (61%).
A rejeição é maior entre aposentados (49%) e pessoas com ensino fundamental (44%). Nesses dois grupos, a adesão fica em 43% e 49%, respectivamente.
Os empresários estão divididos: 46% contra e 46% a favor. Algumas entidades empresariais pedem a volta da medida para tentar reduzir o consumo de energia diante da seca nos reservatórios, entre elas, as do setor elétrico.
Regionalmente, a mudança é mais aceita no Sul (63%) e menos no Sudeste (52%) e Centro Oeste/ Norte (51%). No Nordeste, onde o horário de verão deixou de ser adotado em suas últimas edições, o apoio também é elevado (59%).
A adesão também é maior entre as pessoas que avaliam negativamente o governo Jair Bolsonaro (63%). Entre os que classificam a atual gestão como ótima/boa, o apoio alcança 42%, e 50% são contra.
Em julho deste ano, o presidente descartou a volta do horário de verão. "O horário de verão foi comprovado que não tem ganho financeiro e a maioria é contra porque mexe no relógio biológico", afirmou o presidente na época.
Na semana passada, o Ministério de Minas e Energia afirmou que a medida teria impacto limitado no consumo de eletricidade e não ajudaria a enfrentar a crise energética atual.
Mesmo assim, o ministério pediu novos estudos ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) para avaliar a questão. Em resposta, o órgão que gerencia o sistema divulgou estudo em que concluiu que a retomada do horário de verão não terá impacto no enfrentamento da crise energética, já que o programa não é mais garantia de economia de energia.
O horário de verão foi adotado pela primeira vez no país no fim de 1931, com a finalidade de economizar energia elétrica nos meses mais quentes do ano. Ele foi aplicado sem interrupção por 35 anos até sua extinção.
A eficiência na economia de energia já vinha caindo ano após ano. O ONS considerou nula a economia de energia durante o horário de verão 2017/2018. No verão 2016/2017, a economia decorrente da redução do uso de usinas foi de R$ 159,5 milhões. No mesmo período do ano anterior (2015/2016), foram economizados R$ 162 milhões.
De acordo com o órgão, a redução apresentada em análises durante o horário de verão também foi verificada em outros períodos, antes mesmo dos ajustes no relógio.
O ex-presidente Michel Temer (MDB) chegou a sinalizar intenção de descontinuar o horário de verão, mas, em meio à tensão de um momento em que tentava barrar denúncias contra ele por obstrução judicial e organização criminosa, foi orientado a desistir da mudança.
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