A XP segue o caminho para se tornar um banco completo. A companhia deve lançar nos próximos meses a sua conta bancária digital, com direito a conta salário e cartão de débito. Os planos futuros ainda envolvem contas bancárias para pessoa jurídica e produtos como financiamento imobiliário, conta Thiago Maffra, que assume a presidência da XP nesta quarta-feira (12) no lugar de Guilherme Benchimol.
"O cliente pode ser um bom cliente independente dele ter investimento ou não. Então, esse novo leque de produtos expande o nosso horizonte de clientes, que cortam o cordão umbilical dele com com os bancos tradicionais, ou com os neo bancos, e vai concentrando toda a vida financeira dele em um lugar", disse Maffra em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (11), da qual também participou Benchimol.
Segundo Maffra, os investimentos são agora o ponto de entrada para a XP, que tem um potencial de crescimento rápido nos outros segmentos, acessando clientes que não conseguia antes.
"A hora que a gente coloca um cartão de crédito, a gente consegue penetrar nossa base quase que em 50% em pouco tempo. E a gente penetra muito rápido porque a gente já tem essa relação com o cliente."
Apesar de se aproximar cada vez mais de um banco tradicional, a XP diz rechaçar a cultura do banco tradicional, com agências, cheque especial e poupanças --três coisas que não pretende oferecer.
"Quando a gente fala sobre desbancarizar [quer dizer] é que, no Brasil, tem cinco bancos que dominam tudo e, por isso, eles têm uma oferta de produtos e serviços que muitas vezes é inapropriada. A gente quer, sim, ser uma empresa do setor financeiro com um foco no cliente de uma forma completamente diferente daquela como os grandes bancos foram até então, mas, infelizmente, banco é o mesmo nome aqui e lá", afirma Benchimol.
De acordo com o seu fundador, a XP tem duas grandes vantagens em relação aos bancos tradicionais: maior capacidade tecnológica e a matriz de custo, sem o peso de agências físicas em todo o Brasil.
"Temos uma plataforma tecnológica super robusta e escalável. Que nos dá flexibilidade em preço e em serviços. Eu consigo ter um um custo de crédito muito menor do que, do que essas outras empresas", diz ele.
Até o momento, a empresa tem 1% de participação da receita total do sistema financeiro, de aproximadamente R$ 770 bilhões. Segundo Maffra, isso mostra uma grande oportunidade pela frente.
Segundo o novo presidente, a XP tem interesse em comprar companhias que aumentem sua base de clientes ou adicionem novas tecnologias ao grupo.
Na semana passada, a agência de notícias Reuters publicou que a XP avaliava a aquisição da subsidiária brasileira do Credit Suisse.
Em entrevista a jornalistas junto a Maffra nesta terça, Benchimol disse que não poderia comentar o assunto e afirmou que a prioridade da companhia é crescimento orgânico.
Na empresa desde 2015, Maffra deixa o cargo de diretor-executivo de tecnologia da XP. Benchimol, até então presidente da companhia, passará a exercer a função de presidente-executivo do conselho de administração da XP.
Itaú Segundo Benchimol, o processo para o Itaú se desfazer da participação na XP está na fase final de negociações. Ainda não está definido se os acionistas do banco vão receber ações da XP na Nasdaq ou BDRs (recibo depositário de ações, na sigla em inglês) no Brasil.
O BDR permite que o brasileiro invista em ações de empresas listadas fora da Bolsa brasileira por meio de um recibo. Além da variação do papel, ele reflete a flutuação diária no câmbio.
"Como um todo, a gente fica feliz porque a governança da empresa vai melhorar um pouco mais em relação ao que era anteriormente", diz ele.
Outro ponto positivo da separação, segundo Benchimol, é o aumento de liquidez das ações da XP no mercado. Ele também afirmou que a companhia pode fazer a recompra dos papéis em algum momento.
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