Famílias que vivem sem luz no ES são vítimas de um apagão estatal

O poder público peca pela omissão, quando deveria ser o vetor para mudar a realidade dessas pessoas, que vivem nas sombras de um serviço essencial

Publicado em 23/07/2024 às 01h00
Energia elétrica
Residência sem relógio de energia em Pedro Canário, no Norte do ES. Crédito: Fernando Madeira

Ao mesmo tempo que, no Espírito Santo, são visíveis os avanços — somos um Estado moderno, industrializado, com cidades  com considerável nível de organização —, também é comum esbarrar nos atrasos, como se houvesse diferentes Espíritos Santos. E eles existem. Em uma das escalas mais baixas, 2,5 mil famílias em várias localidades simplesmente vivem sem luz elétrica.

Algo impensável para muita gente em um tempo no qual a automação e a conectividade se tornaram quase naturais para as pessoas, ao ponto de dar até para se esquecer de que muitas das atividades da nossa rotina dependem de energia elétrica. E essas pessoas não conseguem ter acesso nem ao básico, como manter os alimentos refrigerados. Quando conseguem, é na base do improviso.

O fornecimento do serviço é  inexistente, na maioria dos casos, por falta de regularização fundiária. São imóveis que por diferentes motivos não estão legalizados, com processos que caminham lentamente na Justiça. Todos lavam as mãos: concessionárias, prefeituras e governo, e a própria Justiça.

É como um apagão estatal, no qual o poder público peca pela omissão, quando deveria ser o vetor para mudar a realidade dessas pessoas, que vivem nas sombras de um serviço essencial. O poder estatal não dá conta de regularizar a situação desses terrenos, e quem paga o preço são as pessoas, que acabam recorrendo à judicialização. E essas decisões também se arrastam.

O levantamento com o número de famílias nessa situação no Estado foi realizado pelo Núcleo de Defesa Agrária e Moradia (Nudam), da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), que representa famílias  em processos judiciais. Em maio passado, a colunista Vilmara Fernandes, que em janeiro de 2023 havia feito uma reportagem especial sobre as famílias de uma comunidade de Pedro Canário que vivem sem energia, mostrou a vitória judicial de um desses moradores.

São êxitos pontuais, mas importantes demais para quem precisa. São gerações que nunca tiveram uma lâmpada acesa em casa. Como sociedade, é inconcebível permitir que tanta gente ainda não tenha acesso ao básico, aprofundando a escuridão do nosso abismo social. 

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.