As investigações da polícia apontam que uma mulher de 30 anos cometeu cerca de 20 furtos em bancos, lojas, farmácias e residências apenas neste começo de ano na região central de Vila Velha. Nesta terça-feira (23), ela confessou o crime e acabou presa.
A questão é até quando. Com seu extenso "currículo" criminal, a mulher já havia sido presa 11 vezes pelos mesmos crimes. Por mais espantoso que seja, não é nenhuma novidade. A lista de casos de prende e solta noticiados por esse jornal é extensa, vez ou outra eles ganham destaque.
É a falência do sistema punitivo que fica exposta. E isso acaba por promover uma corrosão institucional: basta pensar que as vítimas, com seus prejuízos recorrentes, passam a alimentar uma descrença na Justiça.
Entende-se o caráter humanitário das audiências de custódia, e o grande dilema que existe diante de prisões nos seus limites de ocupação. Além do próprio cumprimento das garantias constitucionais que permitem aguardar decisões judiciais em liberdade. Mas o que se anseia é mais simples: que pessoas que comprovadamente colocam a segurança da comunidade em risco não voltem para a rua. Uma pessoa ser presa 11 vezes e escapar da punição em todas essas ocasiões é passar bastante dos limites.
A sociedade se transformou, e a criminalidade não é mais a mesma, é preciso atualizar as leis. A Justiça precisa ganhar em agilidade e, principalmente, em efetividade. Para inibir os crimes, é preciso que o aparato investigativo seja eficiente para municiar as decisões judiciais. O policiamento nesse caso funcionou, já que a mulher foi levada à prisão 11 vezes. A partir daí, a investigação precisa andar, o Ministério Público precisa denunciar, seguindo o rito para fazer a Justiça andar.
Do contrário, a prisão vira apenas um passeio regular na cadeia para bandidos experimentados, sobretudo nos casos de crimes contra o patrimônio. O "prende e solta" fortalece o crime como escolha de vida e desmoraliza a Justiça e a polícia.
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