O futuro chegou e o que antes parecia apenas coisa de filme já faz parte da realidade de muita gente. A inteligência artificial, por exemplo, era uma ferramenta muito explorada em tramas de ficção científica pelas infinitas possibilidades de utilidade sem a intervenção humana. Hoje em dia, ela já é amplamente aplicada em diferentes setores, inclusive, como aliada nos processos educacionais, seja apenas para auxiliar a vida dos professores, seja para melhorar o aprendizado dos alunos.
De acordo com o levantamento “Inteligência Artificial na Educação Superior”, realizado em agosto deste ano pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), sete em cada dez estudantes têm interesse em estudar em instituições que utilizam a tecnologia nas metodologias de ensino.
Entre os entrevistados, pelo menos 80% afirmaram conhecer as ferramentas mais populares – como o ChatGPT e o Gemini – e mais de 70% já as utilizam na rotina pessoal de estudos.
“A IA pode ser uma grande aliada no processo de aprendizagem quando é capaz de personalizar conteúdo de acordo com o nível de aprendizado de cada aluno, com jogos educacionais que tornam o aprendizado mais envolvente e até colaborando para o aprendizado na computação”, afirma Susiléa Abreu dos Santos Lima, professora e coordenadora dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação na Universidade Vila Velha (UVV).
Susiléa ainda destaca que não dá mais para ignorar as facilidades que essa tecnologia pode proporcionar, como na produção de questões, na geração de conteúdo, na produção de slides, na geração de imagens e, até mesmo, na geração de código de programação.
Entretanto, ela chama atenção para que a IA seja adotada como uma ferramenta de apoio, e não como uma substituta do pensamento humano. Ou seja, é preciso integrá-la de maneira ética e pedagógica, para que realmente contribua no aprendizado dos alunos sem comprometer o desenvolvimento de habilidades essenciais, como a criatividade e o raciocínio crítico.
“A UVV, reconhecendo a falta de habilidade no uso de computadores entre muitos estudantes, procura trazer disciplinas introdutórias para que os alunos desenvolvam competências tecnológicas básicas, como o uso de ferramentas de produtividade, organização de informações e pesquisa acadêmica”, explica a especialista.
Para além da graduação, a IA e o uso de novas tecnologias também têm sido muito representativos em turmas dos ensinos fundamental e médio de escolas. Mais do que apenas reforçar novas maneiras de ensinar, ferramentas também têm se apropriado desses recursos para promover acessibilidade.
Um exemplo são os dispositivos OrCam MyEye 2.0, óculos de alta tecnologia, utilizados por alunos com deficiência visual da rede estadual de ensino e dos Centros Estaduais de Educação Técnica (CEETs). Os equipamentos contam com uma tecnologia assistiva, que utiliza uma câmera inteligente para ler textos, reconhecer rostos, identificar produtos e transmitir essas informações por áudio.
“É a tecnologia a favor da melhoria do aprendizado e da inclusão. Certamente, esses alunos vão ter uma experiência ainda melhor ao utilizarem esses óculos tanto na alfabetização quanto na preparação para a vida. Esses dispositivos ajudam na dinâmica e na velocidade de todo o processo de aprendizado”, destaca Bruno Lamas, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional.
Já foram adquiridos e entregues mais de 50 dispositivos para os alunos no mês de agosto. A expectativa é ampliar esse número, assim como o estudo de outros produtos, não apenas para a educação, mas também para outros segmentos da sociedade que podem utilizar da IA para melhorar os fluxos, afirma o secretário.
Para a Escola Americana de Vitória (EAV), tecnologia é fundamental. De acordo com o diretor-executivo da instituição, Cristiano Carvalho, existe um trabalho de identificar em qual nível de aprendizado o aluno está em relação a competências específicas de aprendizagem e de que forma as trilhas de aprendizagem podem ser trabalhadas.
“Adotamos as plataformas mais variadas de tecnologia para proporcionar ao aluno a melhor aprendizagem tecnológica. Assim, na nossa matriz curricular temos disciplinas de pensamento computacional em que ele aprende a programar, por exemplo, que é uma habilidade. Não queremos que eles sejam apenas consumidores desses produtos, mas que entendam como tudo funciona”, reforça.
Cristiano complementa que, entre as esferas de ensino, a EAV ainda estimula o aluno a se posicionar digitalmente em redes sociais, por exemplo. Isso porque o objetivo é que, à medida que o estudante cresça, aprenda a usar a tecnologia para validar informações e dados.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta