Assim como no dia a dia, a convivência entre diferentes gerações no mercado de trabalho nem sempre é fácil: baby boomers, geração X, millennials e a tão falada geração Z carregam visões de mundo e costumes distintos. Mas as diferenças não necessariamente precisam significar um curto-circuito geracional; se bem administradas, as equipes podem conquistar a oportunidade de aprendizado mútuo e crescimento, independentemente da idade ou posição hierárquica.
Uma pesquisa realizada em 2023 pela gigante de tecnologia global Atlassian, com mais de 5 mil trabalhadores que residem na Austrália, Estados Unidos, Europa e Japão, mostra que os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) cresceram durante um período de estabilidade econômica e movimentos sociais significativos, o que os tornou focados em estabilidade e reconhecimento hierárquico. A geração X, por sua vez, foi marcada por mudanças tecnológicas e uma busca por independência. Por isso, funcionários nascidos entre 1965 e 1980, muitas vezes valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, preferindo ambientes de trabalho flexíveis e focados em resultados.
De acordo com o mesmo estudo, os millennials (1981-1996), que entraram no mercado de trabalho durante a expansão digital, são conhecidos por sua preferência por ambientes colaborativos, inclusivos e que oferecem oportunidades de crescimento pessoal e profissional, ao passo que a geração Z (1997-2012), que cresceu totalmente imersa na tecnologia, valoriza responsabilidade social e diversidade.
De acordo com a psicóloga e profissional de recursos humanos Kamila Tavares, o fator “lealdade à empresa” é algo ainda muito visto entre os profissionais mais experientes. “Os baby boomers tendem a permear na empresa, dentro da mesma instituição. Eles valorizam a estabilidade financeira, têm uma forte ética no trabalho e são muito orientados à hierarquia”. Kamila aponta que, na outra ponta da régua geracional, a geração Z valoriza inclusão e autenticidade no ambiente profissional, além de procurar crescimento rápido na carreira e posições que ofereçam propósito e impacto social.
A convivência com pessoas de idades e perfis diferentes é algo sentido pelo engenheiro Carlos Alberto de Souza, de 63 anos. Ele destaca a importância de ter, no trabalho, oportunidades de se integrar a profissionais de outras gerações. “Temos grupos de trabalho sobre diversidade, e um dos pilares é o Convívio de Gerações - não só tratando da interação dos 60+ mas também daqueles jovens profissionais que ingressam na empresa que acabam também encontrando dificuldades”, conta.
“Acho que está no momento de olhar de uma maneira mais cuidadosa e atenciosa as oportunidades. A gente focou tanto nos conflitos (de gerações) que a gente vem perdendo as oportunidades de crescer juntos”, pondera o engenheiro, que enxerga inovação e ganho de produtividade como resultados diretos de uma cultura onde as experiências são compartilhadas.
A psicóloga Kamila Tavares destaca que é possível abarcar todas as diferenças para criar ambientes mais propícios ao desenvolvimento de habilidades e afinidades de cada grupo. “Acho que uma das coisas mais importantes para criar um ambiente harmonioso é promover, fomentar a troca de conhecimento. O que eu observo é que muitas vezes o conflito se dá, é porque não se observa onde estão os complementos. As gerações são um complemento uma da outra. Uma equipe que tem a oportunidade de ter todas as gerações e se bem gerida é uma equipe riquíssima”, aponta.
Embora paire sobre os jovens da geração Z a pecha de questionadores, muitos que já estão no mercado de trabalho - considerando-se que os primeiros nascidos desta geração já têm 27 anos - reconhecem as vantagens de ter colegas de diferentes perfis. É o caso da analista de planejamento de operações portuárias Bianca Bonatto e Silva, de 25 anos.
“Conviver com pessoas mais velhas ou de outras gerações no trabalho, não traz impacto negativo mesmo sabendo que eles foram moldados por outras gerações que tinham uma maneira de pensar mais rígida que a atual, consigo lidar bem e filtrar o que realmente importa, mas sinto que nem para todos mais jovens são assim, dá para ver que para alguns acaba se tornando difícil essa convivência, o segredo é se adaptar”, afirma Bianca.
Amanda Alves, assistente administrativo, de 26 anos, reforça: “Para mim o relacionamento com pessoas mais velhas e mais novas é extremamente importante para a construção de uma sociedade saudável. Acredito que a troca de aprendizado seja o maior benefício dessa relação, aprendemos e ensinamos uns aos outros”, diz.
Millennial, o gerente Vinícius Santos, de 36 anos, enxerga a tecnologia como um degrau relevante no que se refere ao cotidiano. Ele observa que enquanto a geração Z nasceu imersa no mundo digital, gerações anteriores possuem outros métodos de aprendizagem e formas de interação com o mundo. “Hoje em dia os mais novos estão trabalhando muito com a tecnologia, utilizando muito internet, celular. Já o pessoal intermediário não gosta de utilizar muito as tecnologias do dia a dia. Prefere mais os meios antigos, papel, caneta, pesquisa, livros, revistas. Então há um choque de realidade”, avalia.
Já o roadie José Nivaldo Santos, de 50 anos, prefere levar a diferença de idade de maneira mais cautelosa: “Eu vou muito de acordo com cada um, se a pessoa for mais nova, você tem que saber levar ele. Não entrar e cair na ideia dele”.
A convivência entre pessoas de diferentes gerações no mercado de trabalho é o assunto principal de mais uma edição do EducarES, evento promovido pela Rede Gazeta no próximo dia 25 de setembro. Como uma verdadeira arena de conhecimento, o evento traz a Vitória o apresentador Serginho Groisman, da TV Globo, para uma tarde de discussões no Centro de Convenções de Vitória.
EducarES - Arena de Profissões
Data: 25 de setembro, a partir das 13h
Local: Centro de Convenções de Vitória, em Santa Lúcia, Vitória, ES
Inscrições: CLIQUE AQUI
* Bruno Nézio é aluno do 27º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo foi editado pelo gerente de Relações Institucionais da Rede Gazeta, Eduardo Fachetti.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta