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Encontro de gerações traz desafios e novas oportunidades ao mercado de trabalho

Encontro de gerações traz desafios e novas oportunidades ao mercado de trabalho

Nunca tantas gerações trabalharam juntas. Diferença no ambiente corporativo conjuga formas diversas de pensar, interagir e trabalhar

Publicado em 25 de setembro de 2024 às 10:00

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Marcos e Letícia: de gerações diferentes, eles dividem tarefas e compartilham aprendizados
Marcos e Letícia: de gerações diferentes, eles dividem tarefas e compartilham aprendizados. (Gabriel Lordello/Mosaico Imagem/ Divulgação)

Dinâmico e em constante transformação, o mercado de trabalho passa por um cenário inédito: a presença de quatro – às vezes até cinco – gerações convivendo no ambiente corporativo, conjugando diferentes formas de pensar, interagir e trabalhar.

Nesse panorama, profissionais de diferentes idades contribuem com suas características e valores únicos. Por outro lado, essa diversidade também pode gerar conflitos, sendo, portanto, um desafio a ser enfrentado pelas empresas e profissionais.

Na prática, os grupos geracionais presentes hoje nas empresas são classificados da seguinte forma: baby boomers (nascidos entre 1945 e 1964), geração X (nascidos entre 1965 e 1980), geração Y ou millennials (nascidos entre 1981 e 1995) e geração Z (nascidos entre 1995 e 2010).

E já está próxima – ou até já presente – a chegada da mais nova geração ao ambiente de trabalho, a Alpha (nascidos a partir de 2010), com menores aprendizes.

O mercado, hoje, pode ter a presença de até cinco gerações convivendo no ambiente corporativo
O mercado, hoje, pode ter a presença de até cinco gerações convivendo no ambiente corporativo. (Freepik)

Mas o que diferencia cada uma dessas gerações, principalmente no aspecto profissional? De forma geral, os baby boomers já são profissionais mais experientes, sendo que muitos estão nos últimos anos de carreira ou até aposentados.

Para eles, o mercado de trabalho era muito diferente, com menos tecnologia e recursos que acabam ajudando na rotina e produtividade. Esse grupo também costumava ter como objetivo fazer carreira e passar a vida em uma empresa.

A geração seguinte, a X, chegou num momento de desenvolvimento, revolução cultural e crescimento do empreendedorismo. As pessoas dessa geração costumam priorizar o trabalho e a estabilidade na rotina.

Os nascidos a partir dos anos 1980 são da geração Y, também chamados de millennials. Esse grupo foi um dos que mais vivenciaram a transição do mundo analógico para o digital e também conviveu com maior globalização. Isso resultou em profissionais mais acelerados e imediatistas, duas das suas principais características.

A geração à qual pertencem os profissionais mais jovens é a Z. Representa uma era conectada, digitalizada e abastecida com muita informação. Em muitos casos, esses jovens não almejam um emprego “para a vida toda”, e prezam por qualidade de vida e flexibilidade no trabalho.

  • 01

    Geração silenciosa - 1928 a 1945

    Formada pelos nascidos entre as duas guerras mundiais (1928 a 1945), essa geração é formada por pessoas que viveram muitos traumas e que, muitas vezes, não conseguem externalizar seus sentimentos.

  • 02

    Baby boomer - 1945 a 1964

    Ganhou esse nome porque nasceu no pós-guerra (1945 a 1964), quando os casais começaram a ter muitos filhos. As famílias, que perderam muitos membros na guerra, voltaram a ser numerosas. Os membros dessa geração tinham muito sucesso profissional e entravam nas empresas para ficar a vida toda.

  • 03

    Geração X - 1965 a 1980

    Por ser considerada uma incógnita, a geração dos nascidos entre 1965 e 1980 ganhou o nome de X. Seus membros vivenciaram a guerra fria e viram a luta por novos movimentos sociais e direitos políticos. Em virtude da crise econômica, foi deles exigida uma maior preparação para conseguir um emprego, uma vez que a concorrência cresceu.

  • 04

    Geração Y (millennials) - 1981 a 1995

    A geração Y (1981-1995), que também é conhecida como millennials, é formada por pessoas que nasceram perto da virada do milênio. Formar uma família e ter estabilidade profissional são anseios que deixaram de ser prioridades para essa geração, marcada pela internet e pela presença da tecnologia como parte do seu dia a dia.

  • 05

    Geração Z (GenZ) - a partir de 1995

    A geração dos nascidos a partir de 1995 é marcada por indivíduos nativos da internet, sendo hiperconectados, ágeis, individualistas, tolerantes e ligados à diversidade. Também têm como característica o ativismo digital.

  • 06

    Geração Alpha - a partir de 2010

    É composta por pessoas nascidas a partir de 2010, que cresceram num mundo totalmente digital. Entre suas características, estão habilidades avançadas, especialmente em multitasking digital e navegação na internet.

Como aproveitar essa convivência para troca de experiências

Diante dessas diferentes características dos profissionais de cada geração, como tirar melhor proveito da convivência? Para a doutora em Psicologia Priscilla de Oliveira Martins da Silva, que é professora do Departamento de Administração da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), as oportunidades em relações intergeracionais no contexto do trabalho são diversas.

Priscilla de Oliveira Martins da Silva, doutora em Psicologia e professora da Ufes
Priscilla de Oliveira Martins da Silva, doutora em Psicologia e professora da Ufes. (Divulgação)
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Essas relações permitem diferentes aprendizagens e trocas de experiências entre gerações. Assim, possibilitam trocas de conhecimento que podem ampliar a perspectiva de compreensão da realidade e do mundo. O foco deve ser a valorização das diferenças. Desse modo, é possível considerar que as visões de mundo das diferentes gerações podem ser complementares entre si.

Priscilla de Oliveira Martins da Silva
Doutora em Psicologia e professora da Ufes
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Priscilla afirma que os desafios sempre existem quando pessoas diferentes trabalham juntas. Mas a proposta é que as diferenças possam contribuir com o aprendizado entre as gerações.

É assim no dia a dia do time de gestão da qualidade da ArcelorMittal, unidade Tubarão. Integram essa equipe analistas de controle de qualidade de idades variadas. Há 38 anos na empresa, Marcos Pietralonga, de 57 anos, divide tarefas com Letícia Estefânia Krebel Pinho, de 31, que atua desde 2015 na siderúrgica.

Os dois profissionais, de diferentes gerações, já passaram por outras áreas e hoje compartilham o trabalho de padronização dos processos na empresa, cada um levando seus conhecimentos, experiências e habilidades para somar ao time.

Para manter a convivência leve e harmônica no ambiente de trabalho com uma equipe com integrantes de várias gerações, eles destacam que o respeito ao profissional e ao ser humano está sempre na frente.

Na visão de Marcos, uma equipe de trabalho cresce em conjunto quando todos compartilham conhecimento e também as dificuldades. Os colegas contaram o que costumam aprender no dia a dia um com o outro.

“Sou de uma geração que aprendeu muitas coisas trabalhando, principalmente tecnologia. Quando entrei aqui para trabalhar, a ferramenta era a caneta. Era tudo escrito à mão. A geração mais nova chega com a mente mais aberta e mais antenada. Vamos aprendendo muito com eles. A Letícia, por exemplo, tem habilidade para trabalhar com textos e apresentações e facilidade de lidar com pessoas, e isso aprendemos com ela também. E eu levo para ela muito da minha vivência sobre como algumas coisas funcionam”, sublinha Marcos.

Já Letícia pontua que Marcos é um exemplo de escuta e paciência para lidar com situações no ambiente de trabalho. “Quero ter a ampla visão e tranquilidade que ele tem na resolução de qualquer atividade. Ele tem essa tranquilidade porque já passou por isso em momentos anteriores e sabe qual foi o caminho. Estou aprendendo com ele esse caminho”, destaca.

Muito além das gerações

Lembrando que, de forma geral, as empresas já são espaços plurais compostos por pessoas que se enquadram em diferentes recortes sociais, culturais, geracionais e econômicos, o diretor regional do Senac Espírito Santo, Richardson Schmittel, destaca que todos os recortes precisam ser considerados para analisar a convivência na teia complexa que é o ambiente organizacional.

Richardson Schmittel, diretor regional do Senac ES
Richardson Schmittel, diretor regional do Senac ES. (Divulgação)

Na avaliação dele, fatores como diversidade geracional podem afetar o ambiente de trabalho, contudo, não é tão simples compreender como essas fases diferentes da vida influenciam a convivência no mundo corporativo, pois a diversidade social e cultural ou até mesmo o tempo de empresa, por exemplo, podem ter grande impacto para além da diferença de gerações.

“Diferentes perfis de profissionais convivendo em uma única organização trazem benefícios, mas pontos de atenção precisam ser bem observados pelos gestores. Sob o aspecto positivo, posso citar a inovação organizacional, pois empresas diversas, quando conseguem explorar a diversidade de conhecimentos e experiências das pessoas, tendem a ser organizações mais criativas”, observa.

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