Crianças e adolescentes que deixaram de ir à escola antes de concluírem o ano letivo, preocupação com a saúde mental, a queda dos indicadores de aprendizagem e as desigualdades sociais potencializadas. Na opinião de especialistas em educação, esses são alguns dos desafios evidenciados na comunidade escolar durante o enfrentamento à pandemia da Covid-19.
O prejuízo no aprendizado, particularmente, é algo que pode ser mensurado pelos indicadores ruins nas avaliações em larga escala, mas também há estratégias para reverter o quadro. Medidas como exames diagnósticos e atividades de reforço têm se mostrado um caminho para a recuperação.
Na fase mais crítica da pandemia, as escolas recorreram à tecnologia e os conteúdos das aulas eram oferecidos em canais de TV aberta e na tela do celular. Para alguns alunos, foram entregues materiais impressos.
Mas nem todos os matriculados tiveram acesso ao ensino no período de maior isolamento social. E essa realidade prejudicou a compreensão e a absorção de conteúdo.
A gerente de implementação e porta-voz do Itaú Social, Tatiana Bello, atesta que o impacto negativo no processo de aprendizagem foi provocado pelo afastamento presencial das escolas, quando muitas redes adotaram estratégias educacionais não presenciais.
“Muitos estudantes usaram a tecnologia, mas tivemos outros sem essa possibilidade porque infelizmente ainda não há acesso de forma equitativa no nosso país. No retorno às escolas, percebemos as perdas de aprendizagem”, explica Tatiana.
Para o coordenador de Políticas Educacionais do Movimento Todos Pela Educação, Ivan Gontijo, é importante destacar que os problemas já existiam, mas foram potencializados devido à Covid-19.
“Um dos desafios é trazer os alunos de volta à escola porque houve aumento da evasão escolar, muito por conta do ensino remoto. O Brasil está passando por uma situação econômica difícil. Há estudantes do ensino médio tendo de conciliar escola com trabalho. O desafio é garantir que todo mundo que deveria estar na escola esteja de fato”, frisa.
Outro fator que preocupa é a saúde mental dos estudantes que, na opinião dos especialistas, foi abalada no período em que o distanciamento social foi adotado. Como alternativas de recuperação do prejuízo causado, Gontijo e Tatiana destacam algumas estratégias a curto e a longo prazo.
Eles sugerem ainda aulas de reforço e recuperação no contraturno, a divisão dos alunos por níveis e não por séries ao longo da semana, fazer turmas mais homogêneas, ampliar o número de escolas em tempo integral, garantir que os estudantes tenham material específico e a formação dos professores.
“É importante fazer uma avaliação diagnóstica para entender o momento da aprendizagem em que os alunos estão e poder reorganizar as atividades educacionais a partir dessa priorização curricular. Assim, será possível fazer o acompanhamento das aprendizagens e, conforme for, ir mudando estratégias para que de fato todos os alunos aprendam”, acrescenta Tatiana.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) aponta que, mesmo diante ao cenário da pandemia de Covid-19, o governo do Estado investiu na área, desde a reestruturação da rede física escolar até a inclusão de novas tecnologias. No âmbito pedagógico, investiu R$ 50 milhões nas escolas públicas da rede, por meio do Programa de Fortalecimento da Aprendizagem, visando aumentar o índice da aprendizagem dos 205.848 mil alunos.
A Sedu afirma, ainda, que os estudantes contam com aulas de nivelamento nas disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa e nas áreas de Ciências da Natureza e Humanas.
As famílias também podem ajudar no processo de recuperação. De acordo com os especialistas em educação, é importante que os pais e responsáveis acompanhem as atividades escolares e, quando possível, dêem suporte aos estudantes em casa. Eles também defendem que os pais mantenham um diálogo com a escola para entender de que forma a aprendizagem pode ser restabelecida ou ampliada.
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