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Insatisfeito na profissão? Mudar de carreira pode ser alternativa

Insatisfeito na profissão? Mudar de carreira pode ser alternativa

Seis em cada 10 profissionais avaliam trocar de área de atuação, segundo o LinkedIn. São diversos os fatores que impulsionam esse desejo, até mesmo entre profissionais experientes

Publicado em 14 de novembro de 2024 às 14:50

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A insegurança financeira aparece na pesquisa como principal fator para o desejo de migrar para outra área na carreira. (Freepik)

Se é para mudar, por que não mudar, também, de carreira? Mais que uma simples pergunta hipotética, essa questão tem servido como pontapé para que seis entre dez brasileiros, de fato, encarem a transição profissional como possibilidade real. É o que revela uma pesquisa realizada pela plataforma LinkedIn com mais de 23 mil trabalhadores – sendo 1,3 mil brasileiros – e divulgada no último mês de fevereiro.

A insegurança financeira aparece na pesquisa como principal fator para o desejo de migrar para outra área. O LinkedIn constatou que 20% desse público inclinado à transição, inclusive, já começou a se movimentar para efetivar a mudança. Algo parecido com o que viveu recentemente a advogada Karla Abad, de 52 anos. Graduada em Direito, ela começou no Poder Judiciário ainda no primeiro ano da faculdade. Depois de um tempo, teve de assumir a administração da empresa familiar.

A advogada Karla Abad decidiu mudar a vida profissional aos 50 anos
A advogada Karla Abad decidiu mudar a vida profissional aos 50 anos. (Divulgação)

Mãe de dois filhos e triatleta, completou um Ironman em Florianópolis em 2022, aos 50 anos: “Também nessa época, decidi mudar minha vida profissional e hoje sou corretora de imóveis e estou aprendendo a lidar com adversidades de forma mais assertiva”, relata.

Quem também deu uma guinada na atuação profissional foi Luciana de Martin, 54. Depois de 30 anos em uma mesma empresa – metade desse tempo vivendo no exterior como diretora na área de comércio exterior –, ela voltou ao Brasil em 2023 e se viu desempregada.

“Fiquei muito tempo fora do país e da realidade brasileira. Competitividade e etarismo são discutidos, mas conviver com isso é diferente”, admite. Mesmo tendo ocupado cargos de destaque e colecionado experiência, Luciana estava angustiada.

“Aprendi que, para mudar, é preciso uma série de estímulos: estudo, treino, orientação e autocuidado”, enumera. Nesse processo, ela conta que descobriu seu interesse pela escrita e está se preparando para esse novo desafio, explorando áreas como tradução e crônicas.

Luciana de Martin, 54, deu uma guinada na carreira após 30 anos na mesma empresa. (Divulgação)

Mentoria como chave

Karla e Luciana são mentoradas por Ana Paula França, especialista em gestão, finanças e alta performance e fundadora do projeto capixaba Acelera Mulheres, voltado ao treinamento, avaliação e redirecionamento de carreiras femininas.

Ana Paula avalia que, em sua experiência, a insatisfação profissional é um fator significativo, em especial entre as mulheres. “Outro aspecto que percebi é que, no geral, as pessoas mais jovens são as que mais assumem riscos para terem maior controle sobre sua carreira”, observa.

A profissional ressalta, ainda, que o maior impeditivo para muitas pessoas, no entanto, costuma ser a questão financeira. “Por isso, uma reserva financeira é essencial para enfrentar a transição com menos ansiedade e pressão”, indica.

Ana Paula França, especialista em gestão, finanças e alta performance e fundadora do projeto capixaba Acelera Mulheres. (Divulgação)

O que mais motiva a mudança?

A professora doutora em Psicologia Priscilla Martins Silva, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que a transição de carreira é cada vez mais comum e que outros fatores além da insatisfação profissional contribuem para isso.

“A vida no mercado de trabalho se estende com pessoas produtivas até os 60 anos ou mais. Por isso, é comum ver mudanças de carreira ou múltiplas carreiras simultâneas”, analisa.

Fatores que influenciam essa mudança, como busca por novos aprendizados e desafios, também são pontuados pela professora. “Alguns podem ter a oportunidade de cursar uma faculdade mais tarde, por exemplo. Outros casos são as mulheres que optam por empreender para equilibrar trabalho e família, almejando flexibilidade que empresas nem sempre oferecem”, observa.

Raquel Nonato, coordenadora de Gestão do Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, menciona mais causas dessas mudanças, como a constante instabilidade no mercado e a desconexão entre teoria e prática das carreiras.

“Além disso, no Brasil, a baixa inclusão produtiva e as poucas oportunidades intensificam a procura por transições de carreira”, conclui.

Raquel Nonato, coordenadora de Gestão do Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho
Raquel Nonato, coordenadora de Gestão do Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho. (Divulgação)

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