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Limite e diálogo com os filhos: o caminho para o uso responsável de telas e internet

Limite e diálogo com os filhos: o caminho para o uso responsável de telas e internet

Adotados muitas vezes pelas famílias como uma espécie de babá eletrônica, os dispositivos digitais não devem ser usados sem controle por crianças e adolescentes

Publicado em 12 de outubro de 2024 às 09:00

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O foco precisa ser a qualidade do relacionamento, no tanto que você conhece a criança e como se comunicar de forma clara
O foco precisa ser a qualidade do relacionamento, no tanto que você conhece a criança e como se comunicar de forma clara. (Freepik)

Nesta era da hiperconexão, crianças já nascem tendo contato com os milhares de atrativos oferecidos por meio dos dispositivos digitais e da internet. A questão é que, na correria do dia a dia, a família acaba, muitas vezes, facilitando esse acesso sem tomar os devidos cuidados em relação aos riscos que essa conduta pode trazer a esse público ainda em formação.

Conforme recomenda a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o limite de tempo para crianças e adolescentes estarem em contato com esses aparelhos digitais, como celulares, tablets e videogames, é definido pela faixa etária, e sempre sob supervisão.

Tempo de tela

  • Menores de 2 anos: nenhum contato com telas ou videogames.
  • Dos 2 aos 5 anos: até uma hora por dia.
  • Dos 6 aos 10 anos: entre uma e duas horas por dia.
  • Dos 11 aos 18 anos: entre duas e três horas por dia.

Guilherme Alves, gerente de projetos da Safernet, que atua na área de educação da ONG e coordena o projeto Disciplina de Cidadania Digital, destaca que o primeiro contato com celulares e computadores deve se dar junto à família, que será a responsável por estabelecer uma rotina de diálogo sobre quais conteúdos, aplicativos e jogos são adequados e os cuidados na interação com outras pessoas.

“É importante que a dimensão pública desses espaços seja enfatizada, além da ideia de riscos, civilidade e segurança. É primordial que os responsáveis monitorem e estabeleçam regras de uso para o público infantojuvenil, quais aplicativos e o tempo para cada um deles, usando recursos nativos de controle parental oferecidos pelos celulares, além de algum tipo de monitoramento em redes sociais”, enfatiza.

Mas, antes disso, reforça Guilherme Alves, é essencial entender sobre o melhor momento para que a criança ou o adolescente tenha o próprio dispositivo. “Adiar essa posse pode ser benéfico, ainda que possa haver o acesso aos dispositivos dos responsáveis.”

Internet não é babá: equilíbrio no uso

A psicóloga Maria Carolina Fonseca Barbosa Roseiro, ex-presidente do Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP), explica que, na imposição de limites, os conflitos serão inevitáveis, porque as crianças e adolescentes terão de lidar com a frustração.

Mas o limite de tempo para o uso de dispositivos digitais, observa, depende de um acompanhamento direto que a maioria das famílias não consegue fazer no seu dia a dia. Maria Carolina lembra, ainda, que as telas também são para fins educacionais, sendo usadas no espaço escolar.

Maria Carolina Fonseca Barbosa Roseiro, psicóloga e conselheira do Conselho Regional de Psicologia do ES
Maria Carolina Fonseca Barbosa Roseiro, psicóloga e conselheira do Conselho Regional de Psicologia do ES. (Sergio Cardoso/ Divulgação)
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Embora saibamos que existem orientações biomédicas sobre as pausas que precisam ser feitas, independentemente do conteúdo, temos de observar o que está sendo acessado por esse público do ponto de vista do seu desenvolvimento psicossocial, se está prejudicando a socialização e a formação da personalidade e da identidade das crianças e adolescentes.

Maria Carolina Fonseca Barbosa Roseiro
Psicóloga
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Maria Carolina frisa que é saudável as crianças sentirem tristeza, raiva e outras emoções não prazerosas, mas é necessário observar como elas estão reagindo. Nesse sentido, é essencial dedicar atenção para os impactos no sono, na alimentação e na autoimagem.

“O diálogo contribui para a confiança nas relações de cuidado familiar e nas orientações de hábitos de autocuidado. Por outro lado, os pais também precisam se educar para os próprios limites”, alerta a psicóloga.

Guilherme Alves adverte que afastar completamente as crianças e os adolescentes desse universo não é o caminho, pois esse ato pode trazer como consequência o desconhecimento para identificar riscos que podem ocorrer quando eles iniciarem o uso contínuo, já mais velhos.

Guilherme Alves, gerente de projetos da Safernet
Guilherme Alves, gerente de projetos da Safernet. (Ricardo Matsukawa/ Safernet/ Divulgação)
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A internet deve ser usada como ferramenta do processo de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo em que a educação para o uso dessa tecnologia deve fazer parte das grades curriculares, preparando todos para lidar com os riscos inerentes aos ambientes virtuais.

Guilherme Alves
Gerente da Safernet
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O gerente da Safernet pontua, ainda, que não existe uma fórmula pronta e que cada família deve estabelecer as próprias dinâmicas. O que deve ser evitado é tanto usar a internet como uma espécie de “babá eletrônica” – ou seja, largar os filhos com os dispositivos eletrônicos por horas – quanto a restrição completa, sem diálogo, pois é justamente essa conversa que vai oferecer confiança às crianças e aos adolescentes para procurarem apoio da família caso entrem em contato com algum conteúdo nocivo.

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