Impactado pelo mundo digital, o mercado de trabalho deve exigir profissões que conectam ainda mais o ser humano às novas tecnologias e aos modelos operacionais que surgirão na próxima década. Especialistas também apostam no aumento da demanda em áreas relacionadas à Saúde, ao Direito e à Economia. Na Educação, o destaque vai para formações realizadas em pequenos intervalos.
Consultora de gestão e pessoas Andrea Salsa adianta que é preciso cautela com as projeções a longo prazo devido à dinamicidade do ambiente corporativo e à flexibilidade de suas demandas. No entanto, quando ela analisa o cenário, destaca que estão em voga duas dimensões: a tecnologia e o cuidado com o humano.
“O ingresso ao mundo digital é uma viagem sem volta. Mesmo nesse ritmo, continuamos com as nossas questões biológicas, psicológicas e sociais. E como é cuidar da saúde mental e biológica nesse mundo digital? Vão ter profissões muito voltadas para resolver questões do ser humano”, anuncia.
Uma dessas profissões do futuro que Andrea projeta é a de detox digital, atividade relacionada à saúde mental dos usuários da internet. “São profissionais da área da saúde, especializados em gerar a lógica de detox digital. Com as pessoas mais dependentes desse universo, e isso trazendo aspectos de ordem emocional cada vez mais agravantes, inclusive com o advento do metaverso, isso deve acontecer”, estima.
O economista e membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES) Sebastião Demuner aposta em profissões voltadas à ciência de dados, atividades da área da saúde com foco na excelência pessoal, engenharia genética e o direito econômico, com advogados atuando em áreas que envolvam finanças.
Ao comentar a realidade do mercado, a gerente de gestão do conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, Carla Chiamareli, lembra os dados apresentados no relatório “O Futuro do Trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 2018.
O documento estimava que 75 mil empregos serão extintos nos próximos anos. No entanto, a evolução da tecnologia pode criar 133 milhões de novos postos de trabalho adaptados a essas mudanças.
“Vamos ter uma janela de oportunidades de profissões voltadas as essas novas economias. A economia verde, voltada ao bem-estar da sociedade. A economia criativa, muito ligada às artes. A economia prateada, voltada aos idosos, e a economia digital, que usa todos os recursos digitais na indústria”, enfatiza Carla.
Questionado sobre o cenário e as perspectivas do mercado, o diretor-presidente da Fucape Business School, professor Valcemiro Nossa, ressalta que a instituição de ensino integra o ambiente de aprendizagem com as demandas do mundo corporativo em tempo real.
“Montamos um hub de inovação na escola para as empresas terem uma interação direta com nossa sala de aula. Nosso hub permite dialogar exatamente com as necessidades que vão acontecendo. O avanço tecnológico sempre existiu, mas agora vem de forma exponencial com inteligência artificial, metaverso e toda a realidade virtual. Isso muda o jeito de pensar o futuro”, destaca.
Entendendo a importância da informação na tomada de decisões e o impulsionamento dos negócios, a Fucape vai lançar em 2023 o curso de Ciência de Dados para Negócios. O objetivo é formar profissionais que entendam como funcionam os processos de uma empresa, reconheçam e analisem dados relevantes e, com isso, resolvam problemas organizacionais.
“Surgiu uma demanda muito grande aliando tecnologia e informação que é na parte de análise dos dados. O profissional vai entender bem o que é uma empresa, o governo, uma instituição do terceiro setor e entender também como capta dados para gerar boas informações para que essa empresa tome decisão”, explica.
Na direção do que já pontuaram especialistas, a Fucape lançou neste ano o curso de Direito Econômico. “Muitas vezes, esse advogado não consegue conversar dentro de um negócio. Acreditamos que esse profissional tem de entender de economia, contabilidade, cálculo, entender de dados e entender qual o efeito econômico daquela decisão anunciada pela Justiça”, pontua Valcemiro Nossa.
Entre as áreas de formação da UCL, o diretor-executivo da instituição, Paulo Vitor Bruno Onezorge, observa que a de tecnologia dá bastante a dimensão do novo momento da sociedade, mais conectada.
“Nos cursos de tecnologia da informação, formamos os profissionais do presente e do futuro, porque falta mão de obra qualificada nas áreas de desenvolvimento de sistemas, cloud e cibersegurança, por exemplo. Nossos alunos são empregados mesmo antes da conclusão da formação”, ressalta.
Detox digital
Tem tudo a ver com a saúde mental dos usuários. Cada vez mais haverá profissionais da área de saúde se especializando nessa capacidade de gerar em nós a lógica de detox digital, de modo a tratar a dependência ao mundo virtual que provoca impactos emocionais.
Designer de realidade virtual
Profissional capaz de desenvolver ambientes no mundo virtual, sobretudo, no metaverso.
Tutor de curiosidade
Com as redes sociais seguindo a lógica de algoritmos e o mercado tentando antecipar o comportamento do consumidor, surge a necessidade desse tipo de profissional. Pega as nossas curiosidades como consumidor e transforma numa grande enciclopédia. Reúne informações que podem criar tendências mais assertivas em relação às demandas.
Gestor de morte digital
Muitas pessoas estão conectadas às redes digitais. Somos seres biológicos e, portanto, a gente ainda morre, mas essa morte não acontece nas redes sociais. Esse profissional é quem vai cuidar da nossa ancestralidade no mundo digital. Vão ter gestores para cuidar dessa morte, porque hoje temos o encerramento de ciclo no mundo analógico, biológico, no mundo digital também vai ter esse ritual.
Cientista de dados para negócios
Profissional que tenha capacidade de extrair, analisar e trabalhar as informações que podem auxiliar a empresa na tomada de decisões.
Técnico de neuroimplante
A biotecnologia vai se sofisticar do ponto de vista de chips de saúde e cognitivos e isso vai exigir profissionais que saibam lidar com esse nível de avanço tecnológico.
Especialista em Direito Econômico
É o advogado capaz de interpretar dados inerentes ao mundo corporativo com entendimento do que é contabilidade, finanças e de que forma a legislação ou decisão judicial causa impacto financeiro à organização empresarial que representa.
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