De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma média de 1,2 bilhões de pessoas são fumantes. E o total de mortes em razão do consumo de cigarro chega a ser de 8 milhões por ano, o que corresponde a mais de 16 mil óbitos por dia.
Estatísticas à parte, o cigarro, e por que não a arte de fumar, sempre foi visto com um sentimento misto de amor e de ódio pela indústria do entretenimento, especialmente o cinema.
Clássicos como "Casablanca" (1942), "Gilda" (1941), "Uma Rua Chamada Pecado" (1951), "Juventude Transviada" (1955), "Bonequinha de Luxo" (1961), "Chinatown" (1974) e "Grease - Nos Tempos da Brilhantina" (1978), só para citar alguns títulos, fizeram parte da chamada "Era de Ouro do Tabaco" em Hollywood. Em cena, astros fumando a todo o momento, personificando glamour, sedução e um comportamento "descolado", típico de uma juventude saudável e moderna.
Nem é preciso dizer que esses filmes (em sua maioria bancados pelos milhares de dólares da indústria do cigarro) influenciaram pessoas em todo o mundo a embarcarem no vício de fumar.
Somente no início dos anos 2000, leis mais rígidas foram implantadas por governos e pela própria indústria do cinema, como o projeto "Smoke-Free Movies", que restringe o uso do cigarro em filmes destinados a um público menor de 13 anos nos Estados Unidos. No Brasil, filmes com consumo de cigarros recebem recomendação de não recomendados para menores de 12 anos, segundo o Ministério da Justiça.
Aproveitando a semana do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado no último dia 31, o "Divirta-se" preparou uma lista de filmes e documentários que tem o cigarro como protagonista e o abordam sob diversos temas, principalmente o dos malefícios.
Disponível gratuitamente no YouTube, o documentário de João Wainer mostra o caminho que o tabaco ilegal percorre das fábricas paraguaias até as principais cidades do Brasil, onde é comercializado a um preço muito menor do que os maços legalizados. Por ano, esse mercado clandestino fatura cerca de R$ 10,9 bilhões, inclusive alimentando atividades ligadas ao crime organizado. O filme cai no didatismo, mas vale a pena conferir por seu caráter informativo.
Em exibição no Telecine Play, a pequena obra-prima de Jason Reitman mostra um lobista de uma fábrica de cigarros (Aaron Eckhart, em grande atuação) que precisa defender publicamente o tabaco, para que ele não perca o seu espaço nos filmes produzidos por Hollywood. Curiosamente, mesmo o cigarro sendo citado a todo momento, os atores não aparecem fumando em nenhuma cena. Uma jogada de mestre do cineasta.
Mais um trabalho superlativo de Anna Muylaert ("Que Horas Ela Volta?"), com boas atuações de Glória Pires e Paulo Miklos. Baby (Glória) vive sozinha no apartamento que herdou da mãe. Quando o músico Max (Miklos) se muda para o apartamento vizinho, ela vê nele a grande chance de voltar à vida. Para que o romance dê certo, está disposta a enfrentar qualquer ameaça, inclusive o seu vício compulsivo por fumar. Disponível no Amazon Prime.
Indicado a sete Oscar - e aclamado pela crítica -, o longa-metragem de Michael Mann lançou Russell Crowe ao status de estrela hollywoodiana. Aqui, um ex-executivo da indústria do tabaco (Crowe) decide dar uma entrevista à TV americana para detalhar os males que o cigarro faz para a saúde, especialmente suas substâncias consideradas viciantes. Pode ser assistido no Telecine Play.
O documentário, dirigido por Adriana Dutra, costura declarações de amor e de ódio ao hábito de fumar, trazendo o cigarro sob uma perspectiva histórica, da criação à popularização nas telas de Hollywood, sem deixar de pontuar os malefícios do vício. Entre os entrevistados, nomes como Ney Latorraca e a cantora Miúcha. Disponível em DVD.
Produzido pela TV Justiça, e disponibilizado gratuitamente no YouTube, o curta-metragem mostra que as leis antifumo no País fizeram com que o número de fumantes caísse em mais de 50% desde que foram implementadas. O vídeo mostra, ainda, estratégias usadas pela indústria tabagista para manter seu público consumidor, como a criação de cigarros eletrônicos, e traz depoimentos de especialistas em saúde e na legislação sobre o tema. Destaque para a participação do médico Drauzio Varella.
Sensível drama existencial dirigido por Paul Auster e Wayne Wang que fez muito sucesso no circuito de arte, quando exibido no Brasil. Em uma das inúmeras tramas, vemos os dilemas de Auggie Wren (Harvey Keitel, ótimo), o dono de uma tabacaria de Nova York que recebe clientes de todos os tipos. São pessoas comuns, que sentem suas vidas compartilhadas pelo prazer de fumar. Disponível em DVD e no Google Play.
Clássico do cinema francês dirigido pelo saudoso mestre Alain Resnais e protagonizado por seus atores-fetiche, Sabine Azéma e Pierre Arditi. A trama é uma delícia. Dois atores, um homem (Arditi) e uma mulher (Azéma), representam uma série de personagens em variadas tramas. E tudo surge a partir da dúvida: fumar ou não fumar? São quase cinco horas de projeção que valem muito a pena serem conferidos. Disponível em DVD no Brasil.
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