O mundo está em ebulição, e não estamos falando da pandemia do novo coronavírus que, até o fechamento da matéria, matou mais de 415 mil pessoas em todo o planeta. O assunto em evidência aqui é a (infindável) luta contra o racismo, tema que atualmente toma conta das redes sociais e das ruas, em manifestações acaloradas que, às vezes, são reprimidas com violência.
Os óbitos do menino João Pedro, no Brasil, e de George Floyd, nos Estados Unidos, que teve sua morte por estrangulamento divulgada nas redes, no final de maio, foram o "combustível" que faltava para que as minorias revindicassem ainda mais respeito, direitos civis e que clamassem por governos mais preocupados com políticas sociais. A frase "Black Lives Matter" ("Vidas negras Importam") virou o mantra de uma geração.
Lutas à parte, é impossível enumerar os filmes que já debateram o racismo no cinema. Há vários exemplos de projetos que versaram sobre o tema de maneira controversa, como o clássico "E o Vento Levou" (1939) e sua representação de escravos conformados em serem subjugados.
Tentando fugir de estereótipos e clichês, o "Divirta-se" fez uma lista com dez longas-metragens que debatem o preconceito racial, seja com dureza ou mesmo em tom de realismo fantástico.
Pequena obra-prima de Tony Kaye, que sofreu censura da Warner Bros na época do seu lançamento. O diretor brigou com o estúdio, e decidiu se afastar do projeto, após ser obrigado a cortar cenas consideradas violentas pelos executivos. Nada, porém, tira o brilho da visceral interpretação de Edward Norton, indicado ao Oscar. Na trama, Norton vive um neonazista que é preso após matar um homem negro. Ao sair da prisão, ele precisa impedir que seu irmão mais novo percorra o mesmo caminho. Disponível na HBO GO.
Adorado pelo público (mas muito criticado pela crítica), o edificante drama estrelado por Denzel Washington, que conta com produção da Disney, cumpre bem o seu papel: apontar o racismo nas escolas e universidades americanas, levando a discussão para uma superprodução de Hollywood. Herman Boone (Washington) é um técnico de futebol contratado para trabalhar no comando de um time universitário dividido pelo preconceito racial. Em cartaz no Google Play e iTunes.
Provavelmente o filme brasileiro mais importante e visionário da história, o longa de Fernando Meirelles chegou a receber quatro indicações ao Oscar. Em pauta, o racismo e a segregação levando à criminalidade e a violência. A trama resgata a vida nas favelas do Rio de Janeiro na década de 1970, com foco nas histórias do fotógrafo Buscapé (Alexandre Rodrigues) e de Zé Pequeno (Leandro Firmino), um traficante da região. A arte faz com que o caminho traçado pelos dois amigos sigam rotas diferentes. Disponível na Amazon Prime.
Spike Lee, maior expoente do cinema negro americano, é mestre quando o assunto é discutir o racismo nas telas. Aqui, há uma ferrenha crítica sobre a falta de pessoas pretas nos programas da TV. Único negro da sua equipe, Delacroix (Damon Wayans) propõe a criação de um show que é estrelado por dois mendigos negros, denunciado a forma estereotipada como a raça é tratada na TV. Disponível em DVD.
O clássico do mestre britânico Alan Parker mostra o desaparecimento de um grupo de ativistas dos direitos civis e a contratação da dupla Alan Ward (Willem Dafoe) e Rupert Anderson (Gene Hackman), do FBI, para conduzir a investigação. Em foco, a ascensão da Ku Klux Klan. Indicado a sete Oscar, vencendo a estatueta de Melhor Fotografia. Pode ser assistido no Telecine Play.
No documentário, Raoul Peck usa o livro inacabado de James Baldwin sobre o racismo nos Estados Unidos para examinar as questões raciais contemporâneas, com relatos sobre as vidas e assassinatos dos ativistas Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. Uma aula de montagem e direção orquestrada por um Peck no auge da carreira. Disponível no Google Play.
O racismo abordado sob o viés do horror e do realismo fantástico, em um trabalho superlativo de Jordan Peele, que chegou a vencer o Oscar de Melhor Roteiro Original. Chris (Daniel Kaluuya) é jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada branca Rose (Allison Williams). Com o passar do tempo, ele percebe que o clã esconde algo perturbador. Disponível na Netflix. Obs: Peele também dirigiu outra excelente obra que retrata o preconceito racial em formato de alegoria, "Nós" (2019), este disponível no Telecine Play.
Vencedor de três Oscar, incluindo Melhor Filme, o trabalho de Paul Haggis se destaca pela urgência em revelar uma América destruída pelo preconceito. Jean (Sandra Bullock) é uma a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem o carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O crime culmina num acidente que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais. Disponível no Google Play.
O urgente drama de Terry George revela a segregação por trás de um genocídio durante a guerra civil de Ruanda, em 1994. O levante levou à morte de quase um milhão de pessoas em apenas três meses. Com diferenças mínimas de etnia, a população do país africano tinha séculos de ódio acumulado, que explodiram com a morte do ditador Juvenal Habyarimana. Indicado a três Oscar, o drama pode ser conferido na Amazon Prime.
Vencedor do Emmy, o Oscar da TV americana, o documentário dirigido por Stanley Nelson reúne fotografias, cenas históricas e depoimentos de membros do grupo Panteras Negras, considerada a mais importante organização civil dos Estados Unidos no século passado, que utilizou de diversas estratégias para combater o racismo e a violência policial. Está em cartaz na Netflix.
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