A representatividade feminina é o centro da Mostra "Mulheres no Cinema", janela exibida na programação do Festival de Cinema de Vitória há cerca de cinco anos. Com evento marcado para novembro deste ano, o festival capixaba promove uma prévia nesta quarta-feira (14), a partir das 19h, gratuitamente, em seu canal no YouTube, a sessão "Itinerância Feminina - Mulheres no Cinema", que apresenta um recorte sobre a produção feminina no audiovisual brasileiro.
O público vai poder conferir oito filmes que apresentam diversos aspectos das vivências e lutas das mulheres no mundo contemporâneo. Para Saskia Sá, curadora desta edição retrospectiva, “pensar e escrever sobre o cinema realizado por mulheres é criar um território para que mundos ainda não visíveis sejam narrados. Toda a minha vivência cineclubista me mostrou que o filme se faz no encontro onde afeta as vidas”.
Para a diretora do Festival de Cinema de Vitória, Lucia Caus, a mostra é uma oportunidade de refletir sobre a construção feminina na atualidade. “A Mostra Mulheres no Cinema é mais uma janela dentro do Festival de Cinema de Vitória para visibilizar a produção audiovisual feminina. Esse recorte proposto é uma seleção potente de assuntos que atravessam a vida de inúmeras mulheres, além de uma nova oportunidade de conferir o talento de uma geração de realizadoras”.
Além de apresentar uma seleção com produções com foco no cinema feminista, os curtas-metragens - que ficarão disponíveis por dois meses após a primeira exibição - direcionam a necessidade de cada vez mais descontruir padrões que cercam e se impõem sobre vida das mulheres.
"Dentro de Casa", de Yasmin Nolasco, por exemplo, traz uma protagonista negra que sofre gaslighting do companheiro. "Revejo" de Láisa Freitas, é uma investigação da própria diretora sobre a sua negritude, dando origem a uma websérie com entrevistas de outras mulheres negras sobre o tema. "Mc Jess", de Carla Villa-Lobos, é sobre uma poeta negra que encontra na arte uma forma de se expressar e superar suas inseguranças. Já "Em Busca de Lélia", de Beatriz Vieirah, trata da busca pela ancestralidade inspirada na história da filósofa e antropóloga Lélia Gonzalez.
O curta-metragem "Fofa", de Flora Pappalardo, fala sobre a ressignificação de corpos gordos. "Deus te dê Boa Sorte", de Jaqueline Farias, traz um recorte sobre a vida das mulheres parteiras da comunidade indígena Pankaru. "Afeto", de Gabriela Gaia Meirelles e Tainá Medina, utiliza a linguagem experimental para olhar a cidade e sua arquitetura no embate com os corpos femininos. "Esmalte Vermelho Sangue", documentário de Gabriela Altaf, se apropria do discurso publicitário para traçar um paralelo entre a violenta modelagem dos corpos para sua adequação aos padrões de beleza e as violências cotidianas dos relacionamentos abusivos.
Na abertura do evento, também às 19 horas, será exibido um vídeo com a editora Natara Ney. Ela fala sobre a participação plena e efetiva de mulheres nos postos de trabalho, além dos processos da construção audiovisual. Entre os trabalhos realizados por Natara como editora, estão "Tainá 3" e "Desenrola", de Rosane Svartman; "O Mistério do Samba", de Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor; "Todas as Mulheres do Mundo" e "Separações", de Domingos de Oliveira; bem como nas séries de TV "Ó Paí, Ó", de Monique Gardenberg, e "Novas Famílias", de João Jardim. Em 2010, escreveu e dirigiu o curta "Um Outro Ensaio", premiado nos festivais de Gramado e Triunfo.
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