Hollywood terminou 2019 em estado de alerta. Afinal, a indústria ainda conta os "prejuízos" nas bilheterias. Foram arrecadados 5% a menos do que em 2018, algo em torno de US$ 11,3 bilhões. Para ser mais meticuloso, U$ 500 milhões a menos nesta temporada. (Ainda) pode parecer muito dinheiro, mas é o primeiro saldo negativo em três anos e o segundo maior percentual de queda desde 2014. As salas de exibição também amargaram outra derrota. Foram 903 estreias, quase 100 a menos do que em 2018.
Analisando os números, justifica-se o "alerta" dito no início do texto. Cada vez mais, as pessoas estão indo menos aos cinemas (pelo menos nos Estados Unidos) e um número menor de filmes estão estreando na sala escura. Nesses índices negativos, podemos contabilizar também a influência do avanço do streaming (como o lançamento da Disney + e da Apple TV +) e a opção dos estúdios em lançar diretamente no serviço on demand obras com potencial de render um bom dinheiro nas bilheterias, como a versão live action de "A Dama e o Vagabundo" e a aventura "Togo" . Ambos chegaram diretamente no "aplicativo do Mickey".
Dito isso, a temporada das premiações do cinema, que culmina com a entrega do Oscar 2020, em 9 de fevereiro, acentuará a disputa indústria tradicional x streaming. As indicações ao prêmio da Academia de Cinema de Hollywood só serão divulgadas em 13 de janeiro. O Divirta-se, porém, traça um panorama sobre os filmes, atores e diretores que devem estar na festa dos melhores do cinema. Aproveite a brincadeira (e o exercício) de futurologia e façam suas apostas também!
Aproveitando a época das premiações, A Gazeta, em parceria com o Google, lança o podcast "Cine Fire", um encontro entre o programa "Sexta Fire" e o quadro "Em Cartaz". Até 10 de fevereiro, serão programas semanais para falar dos indicados e premiados do Oscar, Globo de Ouro e SAG (tradicional evento do Sindicato dos Atores de Hollywood), além de bastidores e fofocas dos famosos. Na "bancada", os jornalistas Pedro Permuy, Erik Oakes, Rafael Braz e Gustavo Cheluje. O programa estreia na segunda (6) e pode ser acessado no www.agazeta.com.br e nas plataformas digitais. Merchant feito, vamos às apostas.
A categoria, que normalmente conta com oito a nove indicados, personifica a atual disputa nos bastidores da indústria do cinema e a influência que a mesma possui no Oscar. Em condições normais, "O Irlandês", superprodução de 3h30 de Martin Scorsese, desponta como o grande favorito para levar a estatueta de Melhor Filme.
O drama, que venceu os três prêmios mais importantes da crítica americana entregues até o momento (o National Board of Review e as Associações de Críticos de Nova York e de Los Angeles), conta com um ponto negativo, que pode ser decisivo para o seu sucesso na temporada de premiações: foi produzido, financiado e lançado pela Netflix.
Por conta disso, as grandes salas de exibição do mercado americano (como a Cinemark e a AMC Entertainment Inc) se recusaram a projetá-lo por não concordarem com a política de distribuição da empresa de Ted Sarandos. Como são essas corporações que "alimentam" a base da indústria do cinema americano (com o dinheiro das bilheterias e até financiando projetos), certamente colocarão pressão para que o longa-metragem de Scorsese não vença o Oscar. Resumindo: para sair laureado em fevereiro, é preciso que "O Irlandês" também "derrote" o preconceito e a "ameaça" que o streaming ainda representa para o cinema tradicional.
Se o diretor não triunfar nesta acirrada queda de braço - ou seja: não convencer os quase dez mil eleitores da Academia Americana -, outras opções para o Oscar de Melhor Filme despontam. Muitos acreditam que "Era Uma Vez em Hollywood", drama nostálgico de Quentin Tarantino que presta uma deliciosa homenagem à Era de Ouro de Hollywood , será o vencedor.
O título é o maior sucesso de bilheteria da carreira do criador de "Pulp Fiction", com U$ 148 milhões arrecadados, e unanimidade junto à crítica e ao público. Além disso, é melhor e mais consistente em termos dramáticos que "O Irlandês", pois consegue fisgar os votos tanto do eleitor mais tradicional quanto do mais moderninho, afeito aos maneirismos narrativos e estéticos de um cineasta assumidamente pop.
Outros títulos correm por fora nesta empreitada, como o épico "1917", de Sam Mendes ("Beleza Americana"). Chamado pela crítica de "obra de arte definitiva sobre os horrores da guerra", o longa-metragem está crescendo nas apostas do mercado de entretenimento (principalmente nas categorias técnicas) e chega como o voto alternativo entre "O Irlandês" (e seu rigor narrativo) e "Era uma Vez em Hollywood" (e sua louvação ao classicismo histórico).
Outros nomes que devem figurar entre os indicados para Melhor Filme são o sul-coreano "Parasita" (um feito para uma fita estrangeira), de Bong Joon Ho, "Coringa", de Todd Phillips, o genial e subversivo "Jojo Rabbit", de Taika Waititi, "Uma História de Casamento", de Noah Baumbach, e "Ford vs Ferrari", de James Mangold.
Correm por fora, "O Escândalo", de Jay Roach, e "Adoráveis Mulheres", de Greta Gerwig. Considerado o termômetro da categoria, o Prêmio do Sindicato dos Produtores de Hollywood (PGA) divulgará seus indicados na terça (7), o que certamente deixará a disputa mais afunilada.
Aqui, mais um embate acirrado entre "O Irlandês" e "Era uma Vez em Hollywood". Martin Scorsese e Quentin Tarantino estão praticamente empatados nas bancas de apostas. O termômetro da categoria, o prêmio do Sindicado dos Diretores de Hollywood (DGA), terá sua lista de indicados divulgada também na próxima terça (7). Outros nomes com força na indústria são o sul-coreano Bong Joon Ho ("Parasita"), Sam Mendes ("1917"), Todd Phillips ("Coringa"), Taika Waititi ("Jojo Rabbit"), James Mangold ("Ford vs Ferrari") e Noah Baumbach ("Uma História de Casamento"). Jay Roach ("O Escândalo") e Greta Gerwig ("Adoráveis Mulheres") correm por fora.
"Judy", que resgata a carreira e os dramas da vida pessoal de Judy Garland, deve dar o segundo Oscar a Renée Zellweger (venceu como Atriz Coadjuvante por "Cold Mountain" em 2004). A fita tem problemas estruturais (especialmente ao optar por uma narrativa convencional, arrastada, esquemática e sem qualquer inovação), mas ganha pontos ao apostar em uma fórmula que a Academia adora: biografias de famosos interpretados por atores que passaram por transformações físicas.
Mesmo sendo uma atriz limitada, Renée é a única responsável pelo eventual sucesso de "Judy". Está fisicamente parecida com a estrela de "O Mágico de Oz", especialmente no fim da vida. Zellweger também repete todos os trejeitos cênicos de Judy Garland, que morreu em 1969, aos 47 anos.
Outras atrizes que estão bem cotadas são Lupita Nyong'o ("Nós"), a única que parece ter chances de tirar o Oscar de Renée, Charlize Theron ("O Escândalo"), Scarlett Johansson ("Uma História de Casamento"), Cynthia Erivo ("Harriet"), Saoirse Ronan ("Adoráveis Mulheres") e Awkwafina ("The Farewell"). A última deve levar o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Comédia no próximo domingo (5) . Os vencedores do prêmio do Sindicato dos Atores (SAG), que será entregue em 19 de janeiro, deve definir os ganhadores das categorias de atuação no Oscar.
Um dos filmes mais polêmicos de 2019 pode (finalmente) dar um merecido Oscar de Melhor Ator a Joaquin Phoenix. O artista tem interpretação visceral em "Coringa", brilhante adaptação dos quadrinhos da DC Comics para os cinemas. Curiosamente, seria a segunda vez que um ator levaria o prêmio máximo do cinema vivendo o vilão nas telonas. Heath Ledger venceu o Oscar póstumo de Ator Coadjuvante em 2009, por "Batman: O Cavaleiro das Trevas".
O maior adversário de Phoenix é Adam Driver, pela magnífica performance em "Uma História de Casamento". Sua campanha, porém, vem perdendo fôlego nos últimos dias. Outros com chances de indicação são Leonardo DiCaprio ("Era uma Vez em Hollywood"), Christian Bale ("Ford Vs Ferrari") e Taron Egerton ("Rocketman"). Reconhecido como Melhor Ator pela Associação dos críticos de Los Angeles, Antonio Banderas ("Dor e Glória") é o azarão da lista.
Na disputa pela estatueta de Ator Coadjuvante, Brad Pitt ("Era uma Vez em Hollywood") finalmente deve vencer um Oscar após três indicações frustradas. Anteriormente, o galã esteve concorrendo pelos filmes "Os 12 Macacos", em 1996, "O Curioso Caso de Benjamin Button, em 2006, e "O Homem Que Mudou o Jogo", em 2012. Seu maior adversário é Joe Pesci, brilhante em "O Irlandês". Correm por fora, Tom Hanks ("Um Lindo Dia na Vizinhança") e Al Pacino ("O Irlandês").
Conhecida por grandes atuações na TV, como na série "Big Little Lies", e nos cinemas, com em "Coração Selvagem", de David Lynch, Laura Dern ainda é apontada como favorita ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, por "Uma História de Casamento". Um furacão latino, porém, pode atrapalhar os seus planos.
Jennifer Lopez, e sua pragmática atuação em "As Golpistas", vem ganhando espaço na lista de premiações, tanto que acabou de vencer o tradicional Festival de Palm Springs. Como o Oscar precisa cada vez mais se aproximar da cultura pop, até para atrair a audiência do público jovem, reconhecer o esforço da cantora seria uma boa oportunidade. Foi assim com as vitórias precoces de Brie Larson, em "O Quarto de Jack" (2015), e Alicia Vikander, em "A Garota Dinamarquesa" (2015). Hoje, ambas são apostas da indústria de Hollywood, sendo estrelas de franquias como "Capitã Marvel" e "Tomb Raider", respectivamente.
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