Desde que estreou na Netflix, no início de dezembro, "Mank" vem chamando a atenção da crítica americana. Recheada de elogios efusivos, a fita, que marca o retorno de David Fincher aos cinemas após seis anos de afastamento (seu último projeto foi o mediano "Garota Exemplar", de 2014), tem o mérito de resgatar a história de Herman Mankiewicz, o homem por trás do roteiro de um dos filmes mais originais da história, "Cidadão Kane" (1941), de Orson Welles.
Mesmo optando por um tom narrativo excessivamente didático - o que pode afastar o interesse do público convencional - "Mank" é uma produção de muitos acertos, a começar pelas excelentes reconstituições de época e fotografia (Erik Messerschmidt deve conquistar todos os prêmios da temporada).
Lógico que o filme não teria o mesmo interesse sem suas grandes atuações. Gary Oldman dá o tom certo a um Mankiewicz alcoólatra e viciado em jogos, que luta para ter o seu talento reconhecido.
Amanda Seyfried, por sua vez, é a grata surpresa. Artista que ainda não tinha provado o seu talento, Amanda ilumina a tela como Marion Davies, uma atriz de Vaudeville que fez sucesso na Era de Ouro de Hollywood nos anos 1930. Marion, inclusive, serviu de inspiração para Herman Mankiewicz escrever o roteiro de sua obra-prima.
Seyfried é, por enquanto, a grande favorita para (quem diria!?) ganhar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em abril. Suas adversárias devem ser Olivia Colman ("O Pai"), Ellen Burstyn ("Pieces of a Woman") e Glenn Close ("Era uma Vez um Sonho"). "Mank" é um forte candidato à estatueta de Melhor Filme. Para levar, precisa vencer o favorito "Nomadland", de Chloé Zhao.
Especulações à parte, o "Divirta-se" aproveitou a estreia de "Mank" para trazer dez filmes que retratam os bastidores do cinema. Um deleite para qualquer cinéfilo!
A obra-prima de Billy Wilder, que traz Gloria Swanson como a inesquecível Norma Desmond, obrigatoriamente teria que abrir a lista. Aqui, os horrores de uma atriz decadente do cinema mudo (Swanson) que decide abrigar um roteirista (William Holden) cheio de dívidas. O relacionamento entre ambos começa a azedar quando ela lhe mostra o rascunho de uma história e pede para que o rapaz a melhore. Vencedor de três Oscars, o longa - considerado um dos melhores da história - pode ser conferido no Telecine Play. Imperdível!
O drama de Mike Nichols é (livremente) baseado na complexa relação familiar de Carrie Fisher e Debbie Reynolds. Em cena, brilham as estrelas de Meryl Streep, como uma atriz viciada em drogas que tenta reiniciar a carreira, e Shirley MacLaine, sua mãe, uma diva de Hollywood que insiste em não envelhecer. A sintonia entre as duas beira a perfeição. Streep chegou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel. Pode ser conferido na HBOGo.
Tim Burton fez um criativo retrato da carreira de Ed Wood, um excêntrico diretor e produtor de Hollywood conhecido por filmes de baixo orçamento e gosto duvidoso, como "Glen ou Glenda?" (1953) e "Plano 9 do Espaço Sideral" (1957), projetos que hoje ganharam o status de clássicos cult. Martin Landau, em grande atuação, levou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua perfeita caracterização de Bela Lugosi, astro dos filmes de horror da Era de Ouro do cinema. "Ed Wood" pode ser alugado no Google Play.
Delicado filme francês vencedor de cinco Oscars em 2012, sendo o único trabalho digno de nota do diretor Michel Hazanavicius. Em preto e branco e sem diálogos, o drama mostra os bastidores do cinema mudo. George Valentin (Jean Dujardin, canastrão como o papel exige) é um consagrado ator que, com a chegada dos filmes sonoros, tem medo de que sua carreira caia no esquecimento. Pode ser conferido no Amazon Prime Video.
Um dos papeis mais celebrados de uma grande estrela: Faye Dunaway. Raridade disponível em DVD, o filme traça um perfil da diva Joan Crawford (interpretada por Dunaway), atriz popular e querida da Era de Ouro de Hollywood que, por trás das câmeras, mostrava um comportamento abusivo com seus dois filhos adotivos. "Mamãezinha Querida" é baseado nas memórias de Christina Crawford, uma das filhas de Joan. O filme ganhou ares de maldito e até hoje é questionado pelos fãs da vencedora do Oscar por "Alma em Suplício" (1945).
O drama de Sacha Gervasi é indicado para quem deseja conhecer mais sobre a vida pessoal do gênio por trás de filmes como "Os Pássaros" e "Um Corpo que Cai". A trama, situada durante as filmagens do clássico "Psicose", narra o relacionamento entre Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins, em ótima atuação) e sua esposa e parceira Alma Reville (Helen Mirren). Disponível para aluguel no Google Play e iTunes.
Baseado em uma história real, o filme acompanha a "batalha" entre Walt Disney (Tom Hanks) e Pamela Lyndon (Emma Thompson, ótima como de costume). Por 20 anos, Walt tentou de todas as maneiras convencer a escritora a vender os direitos da adaptação para os cinemas de sua obra mais famosa: "Mary Poppins", um dos maiores clássicos de Hollywood. Pode ser conferido no Disney +.
Um dos melhores trabalhos de um dos "reis" do melodrama clássico hollywoodiano, Joseph L. Mankiewicz. O filme chama a atenção por suas grandes atuações, especialmente o "duelo" entre Bette Davis e Anne Baxter. Margo Channing (Davis), uma reconhecida atriz que está envelhecendo, conhece Eve Harrington (Baxter), uma jovem fã, que consegue se infiltrar na vida de Channing. Esse relacionamento acaba ameaçando a carreira da estrela. Vencedor de 6 Oscars, incluindo Melhor Filme, "A Malvada" pode ser alugado no iTunes.
Maior símbolo sexual de Hollywood, Marilyn Monroe tem uma fase de sua vida relatada no filme de Simon Curtis. "Sete Dias com Marilyn", disponível no Globoplay e Amazon Prime, tem como base o período em que a diva (interpretada com maestria por Michelle Williams) passou na Inglaterra filmando "The Prince and the Showgirl", ao lado de Laurence Olivier. A história é baseada nas memórias do livro homônimo de Colin Clark, que, na época, trabalhava como assistente nas filmagens.
Fechando a lista, temos este clássico do neorrealismo vencedor de 2 Oscar e que aproximou ainda mais o "maestro" Federico Fellini da indústria de Hollywood. O longa, na verdade, pode ser visto como um relato delirante do cotidiano do cineasta italiano. Marcello Mastroianni (espécie de alterego de Fellini) vive um realizador em crise existencial, precisando pensar em seu novo projeto. Em combate com seus "fantasmas interiores", ele se apega a recordações de infância e amores furtivos. Pode ser conferido no Telecine Play.
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