O cinema capixaba foi "descoberto" pelos serviços de streaming. Com a estreia do road movie psicodélico "Os Incontestáveis" (2018), de Alex Serafini, no Amazon Prime Video e Looke, o "Divirta-se" vasculhou as plataformas para saber quais outros longas-metragens de diretores do ES estão disponíveis em home vídeo.
Encontramos, por exemplo, quase toda cinematografia do "mago do horror" Rodrigo Aragão, como "A Mata Negra" (2018), "Mangue Negro" (2008), "A Noite do Chupacabras" (2011) - o filme mais aterrorizante do cineasta de Guarapari -, "As Fábulas Negras" (2015) e "Mar Negro" (2013). Sucessos de crítica, "Espero Tua (Re)volta" (2019), de Eliza Capai, e "Todos os Paulos do Mundo" (2017), codirigido por Rodrigo de Oliveira, também pode ser conferidos no conforto de seu lar. Veja onde assistir aos títulos no serviço abaixo.
"A Mata Negra", inclusive, entrou nesta terça-feira (7), no mesmo Prime Video, onde "Os Incontestáveis" foi incluído, o que mostra que a plataforma de vídeo de Jeff Bezos - a segunda maior do mundo - está de olho na produção audiovisual do Espírito Santo.
Em conversa com a reportagem, Alex Serafini falou sobre a importância mercadológica que essa exposição traz para as produções locais. "O Amazon Prime Video é um dos mais populares serviços de streaming do mercado. Precisamos acompanhar essa tendência de consumo da plateia", adianta.
"Independentemente da pandemia, as pessoas se acostumaram com o streaming. Querem ter a oportunidade de ver um filme no conforto do seu lar, e isso não tem mais volta. Ao contrário de muitos realizadores, não acho que essa disputa seja desleal com o cinema. Tem um público específico que faz questão de assistir na telona. É possível, e creio ser uma tendência, fazer um lançamento simultâneo entre os dois setores, sem prejudicar o filme comercialmente", aponta Serafini.
"Os Incontestáveis" chega às plataformas após fazer um extenso circuito de festivais, sendo exibo em mais de 20 mostras, em cerca de 15 países, chegando a levar o "caneco" de Melhor Filme de Ficção Latino Americano, no Festival Internacional de Cine de La Serena, no Chile.
"Em 2018, lançamos comercialmente em 14 cidades do país. Um lançamento considerado grande, chegando até aos multiplex em shopping centers. Tiveram cidades em que ficamos quase um mês em cartaz, o que mostrou a boa aceitação por parte do público", orgulha-se, falando de sua estreia em longas-metragens.
Trazendo uma história estritamente masculina (o que não é um demérito), o road movie (que conta com trama assinada por Serafini e Saulo Ribeiro) mostra as "desventuras" dos irmãos Belmont (Fabio Mozine, do Mukeka di Rato) e Maurício (Will Just, do The Muddy Brothers), que viajam pelas estradas do Espírito Santo em busca de um carro, o Maverick que pertenceu ao pai deles, de quem não têm notícia há anos.
A bordo de um Opala, eles partem de Vila Velha numa jornada pelo interior, até chegarem a Ecoporanga. À medida que Bel e Mau cruzam o ES, a história deles se mistura às histórias dos locais por onde passam, conduzindo-os por caminhos inusitados, em uma pegada nonsense, quase psicodélica.
"O filme vai ganhando uma conotação de realismo fantástico, esbarrando na alegoria. Quis fazer um projeto esteticamente diferente, meio fora do padrão (risos), tendo como referências mestres como Sergio Leone e Sam Peckinpah", explica.
Por falar no mestre por trás de clássicos como "O Casal Osterman" (1983) e "Meu Ódio Será Tua Herança" (1969), "Os Incontestáveis" traz muito da estética narrativa de Peckinpah, especialmente por conta de suas reviravoltas no roteiro.
"Acho o filme meio ame ou odeie, sabe (risos). Divide muito opiniões. Fala de uma relação familiar paterna ruim, com muitos conflitos, tipo aquela coisa de 'colocar os podres para fora'", enfatiza.
Sobre os rumos da produção capixaba, o realizador se mostra em ponto de espera. "Falta investimento na produção, também tendo como foco no setor de distribuição. Hoje, temos somente do Governo Estadual com alguma iniciativa de apoio. Em Vitória, a Lei Rubem, por exemplo, não sabemos em que pé está o último edital e nem temos certeza se ela realmente vai voltar. Um suporte das leis de incentivo é fundamental", defende.
Cheio de planos, Serafini fala com entusiasmo de uma série que está produzindo. "É baseado em Luca Bandit, personagem criado por Saulo Ribeiro. Foi aprovanda pela Ancine e estamos esperando a liberação dos recursos. A primeira temporada contará com cinco episódios e queremos gravar no Estado. Para o protagonista, pensamos em um ator de renome nacional. Conversamos com o extinto Canal Fox (agora Star), e recebemos uma carta de interesse da emissora para exibir o programa", complementa.
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