O diretor-geral Thierry Fremaux jogou um balde de água fria nas expectativas de que o Festival de Cinema de Cannes pudesse ter uma edição virtual em 2020. Fremaux garantiu que o evento prefere o risco de continuar sendo adiado em função da pandemia do coronavírus do que optar por uma cerimônia digital.
Segundo o site da revista americana Variety, Cannes ainda continuará buscando uma solução para realizar o festival presencial em algum momento deste ano. O evento realizado na França aconteceria originalmente entre os dias 12 e 23 de maio, mas foi adiado inicialmente para junho ou julho.
"Para Cannes, com sua alma, sua história, sua eficiência, é um modelo que não funcionaria. O que é um festival virtual? Uma competição digital? Nós deveríamos começar perguntando aos donos dos direitos se eles concordam", afirmou Fremaux.
O diretor citou filmes que tiveram seu lançamento adiado para serem vistos antes no cinema como exemplos de que o festival não funcionaria virtualmente. "Por que iríamos querer mostrá-los antes, num dispositivo digital?", indagou.
"Diretores são movidos pela ideia de mostrar seus filmes em uma tela de cinema e compartilhá-los com outros em eventos como festivais, não para seus trabalhos acabarem em um iPhone", acrescentou Fremaux, deixando clara sua posição de manter o festival presencial. "Filmes de Wes Anderson ou Paul Verhoeven não funcionariam num computador."
Freumax citou ainda o exemplo do filme "Parasita", vencedor do Oscar deste ano. Antes de triunfar em quatro das principais categorias da academia, o longa sul-coreano foi exibido em Cannes e ganhou a Palma de Ouro.
O destino do Festival de Cannes deve ser mesmo buscar uma data para realizar o evento assim que a pandemia da Covid-19 parecer se aproximar do fim na Europa. No momento, a França é um dos países mais afetados, com quase 9.000 mortes causadas pelo coronavírus.
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