Mesmo com boa parte das atividades paralisadas por conta da pandemia da Covid-19, o setor audiovisual capixaba continua mostrando resistência. Se na quinta-feira (26) começa o Festival de Cinema de Santa Teresa, nesta terça (24) é dia de começar a conferir o FestCine Pedra Azul - mostra de Domingos Martins que chega a sua quarta edição apostando no formato on-line.
Até sábado (28), serão exibidos 37 filmes, entre longas e curtas-metragens, de diversos gêneros, além de webséries, que ficarão disponíveis para o público durante 24 horas, no site do evento.
Também na programação, uma merecida homenagem ao ator e diretor Paulo Betti, um dos ícones da retomada da produção nacional, ao estrelar longas como "Lamarca" (1994), de Sérgio Rezende (rodado no Estado), "Ed Morte" (1997), de Alain Fresnot, e "O Amor Está no Ar" (1997), de Amylton de Almeida, considerado o primeiro longa-metragem capixaba.
"É sempre um grande prazer realizar o FestCine Pedra Azul. Nesta quarta edição, que permanece em formato on-line, apresentamos um recorte rico da produção cinematográfica atual, reafirmando a força da sétima arte com uma programação feita para os fãs do cinema. Também vamos homenagear Paulo Betti, um artista que é sinônimo de arte no Brasil”, afirma Marcoz Gomez, diretor do festival.
Parceira de empreitada, Lucia Caus, diretora executiva do evento, destaca a mostra de Domingos Martins como sendo fundamental para o desenvolvimento do cinema capixaba.
"A mostra é um espaço importante para o fomento da produção audiovisual dentro do Espírito Santo. O evento é uma grande oportunidade para que os apaixonados pelo cinema possam assistir um recorte interessante da produção audiovisual contemporânea”, disse a gestora, também responsável pela realização do Festival de Cinema de Vitória, marcado para novembro.
Para a edição de 2021, o festival de Pedra Azul apresenta filmes de diversos estados brasileiros, uma coprodução entre o Brasil e o Chile, além de um curta-metragem fora de competição. As produções concorrem ao Troféu Rota do Lagarto, que será entregue em cerimônia marcada para sábado (28).
Entre os curtas selecionados, destaque para "Quantos Mais?", de Lucas de Jesus, cineasta de São Mateus que estreia seu projeto em terras capixabas.
Protagonizado por Wesley Guimarães (o saci da série "Cidade Invisível", da Netflix) e de forte cunho social, o filme usa a violência para abordar o racismo estrutural do Brasil.
"É sobre um rapaz que estuda Sociologia e que trabalha de garçom para pagar a faculdade. No dia em que recebe o 'canudo' (diploma), a polícia confunde o objeto com uma arma e, por ser negro, é assassinado", explicou o realizador, em entrevista recente ao "Divirta-se", dizendo que seu curta-metragem pode suscitar acaloradas discussões.
"Em alguns casos, o preconceito policial contra os negros é muito forte. Alguns chegam a tratar negros e brancos sob diferentes abordagens. Quando a gente anda na rua, ou mesmo entra em um supermercado, sentimos essa diferença. Às vezes, vejo alguns policiais como uma espécie de capitão do mato, os homens que perseguiam os escravos. Afinal, muitos PMs no Brasil também são negros", afirmou o realizador.
Ainda representando a produção do Espírito Santo, "É Capixaba", documentário de Gustavo Marcolini e Hugo Caiado, sobre a história do surf no Estado, e "Ilhado", de Marcos Gomez (fora de competição), projeto comandado pelo diretor do festival.
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