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Globo de Ouro é acusado de corrupção e até 'Emily em Paris' pode estar envolvida

Globo de Ouro é acusado de corrupção e até 'Emily em Paris' pode estar envolvida

Segundo jornal Los Angeles Time, documentos internos e depoimentos sustentam acusações de irregularidade

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 20:40- Atualizado há 4 anos

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Lily Collins estrela
Lily Collins estrela "Emily em Paris". Obra concorre ao Globo de Ouro 2021 em duas categorias, melhor série de comédia ou musical e melhor atriz em série de comédia ou musical. (Netflix/Divulgação)

A Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), que é responsável pelas indicações e premiações do Globo de Ouro, é mais uma vez alvo de acusações de corrupção. As novas denúncias foram publicadas em uma reportagem do jornal americano Los Angeles Times, neste domingo (21).

Segundo integrantes e ex-integrantes da Associação, seus membros aceitam dinheiro, viagens e presentes em troca de indicações no Globo de Ouro. O Los Angeles Times entrevistou alguns desses críticos e teve acesso a documentos fiscais internos, conversas de emails e depoimentos de pessoas do grupo.

Registros financeiros da associação mostram que apenas no final do ano passado a organização pagou um total de cerca de US$ 100 mil a seus membros, que em troca assistiam a filmes, faziam viagens e participavam de outras atividades relacionadas ao comitê em questão. A medida é, no entanto, contestada por críticos do prêmio e especialistas em direito, como mostrou a reportagem.

"É incomum que todas essas pessoas estejam sendo pagas", disse Daniel Kurtz, sócio do escritório de advocacia Pryor Cashman, ao Los Angeles Times. Ele explicou que a HFPA é um tipo de organização isenta de impostos porque existe para "promover a profissão ou indústria, e não interesses dos membros individuais."

Assim como Kurtz, o advogado Douglas Varley falou ao jornal sobre a medida. "Se a associação está pagando a seus membros por esses serviços, ela deve estar recebendo serviços de valor proporcional, que beneficiem os interesses da indústria", afirmou.

A série "Emily em Paris", que surpreendeu vários críticos de televisão ao ser indicada a duas categorias do prêmio, é um dos casos que aumenta a lista de suspeitas contra às dinâmicas de funcionamento da HFPA.

Em 2019, a Paramount Network, desenvolvedora do programa, convidou membros da Associação para visitar as filmagens da série e a se hospedar num hotel cinco estrelas. Representantes da Paramount Network e Netflix não quiseram comentar o assunto. Mas um membro da HFPA disse à reportagem que a série "não pertence a nenhuma lista dos melhores de 2020" e que os comitês precisam parar de aceitar esse tipo de convite.

A lista dos indicados da próxima edição do Globo de Ouro, marcada para ocorrer em 28 de fevereiro, ainda exclui artistas negros de destaque, o que também gerou críticas. Filmes como "Destacamento Blood", de Spike Lee, e "A Voz Suprema do Blues", de George C. Wolfe, e séries como "I May Destroy You", de Michaela Coel, ficaram de fora de um dos maiores prêmios do setor.

Ainda segundo o Los Angeles Times, um documento de 2017 revela que a indicação de um filme à principal categoria do prêmio e a sua vitória poderiam levar ao pagamento, por parte do estúdio responsável, de bônus de US$ 20 mil e US$ 30 mil, respectivamente, a membros do comitê.

A gravação de uma reunião, obtida pelo jornal, mostra também que em abril do ano passado, Lorenzo Soria, então presidente da HFPA, falou aos seus sócios que muitos membros da Associação haviam recebido cheques de subsídio do La Press Club. "Acho importante não sabermos isso em detalhes", disse na reunião Gregory Goeckner, diretor de operações e conselheiro-geral da HFPA. "Nos ajuda em defesa, do ponto de vista fiscal. Quanto mais perto dos membros saberem quem tem dinheiro, fica difícil para nós defendermos."

A Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood disse ao Los Angeles Times que não impôs condições a quem recebia as bolsas da La Press Club, a não ser que os fundos fossem para jornalistas que dependiam daquela renda em meio à pandemia. A entidade também negou todas as acusações de corrupção e afirmou que não há nenhuma prova.

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Em resposta a perguntas feitas pelo jornal, um porta-voz da associação disse: "Nenhuma dessas alegações foi comprovada em tribunal ou em qualquer investigação, [e] simplesmente repetem velhas noções sobre a entidade e refletem preconceito inconsciente contra os seus diversos membros."

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