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Remake de 'A Dama e o Vagabundo' é chocho, mas ainda é boa diversão

Remake de 'A Dama e o Vagabundo' é chocho, mas ainda é boa diversão

Cachorros apaixonados do clássico de 1955 são personagens 'reais' em produção da Disney+

Publicado em 25 de novembro de 2020 às 14:18

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Live-action de
Live-action de "A Dama e o Vagabundo", da Disney. (Divulgação/Disney+)

O desdobramento recém-lançado em live-action de "A Dama e o Vagabundo" existe simplesmente porque o estúdio pode fazer isso, em vez de um bom motivo para produzir uma nova versão. É um produto nascido do que parece ser uma inevitabilidade comercial. Essa história não poderia ficar de fora da tendência atual de restaurar filmes infantis originalmente feitos em desenhos animados, à mão, e os apresentar a uma nova audiência com personagens "reais".

Foi assim com "Mogli", "Aladim", "O Rei Leão", "Dumbo", "A Bela e a Fera" e a sequência de "A Bela Adormecida", contada do ponto de vista da vilã, "Malévola". Todos foram lançados com alarde nos cinemas e faturaram bem nas bilheterias. "A Dama e o Vagabundo" é o primeiro apresentado só digitalmente, inaugurando no Brasil a plataforma de streaming Disney+. E é o mais chocho de todos, mas ainda assim serve como um bom entretenimento em tempos de pandemia.

Muitos pais de crianças pequenas, que viram o original e se emocionaram com ele na infância, podem usufruir de uma hora e 44 minutos de atenção total que o novo filme demanda dos filhos. A história de dois cachorros de realidades completamente diferentes que se conhecem e se apaixonam ainda hipnotiza a audiência, seja da idade que for.

Essa versão não tem a ambição de superar o original, como parece ser o caso de produções como "Aladim" ou "O Rei Leão". É um produto modesto, que trata com gentileza os fãs do clássico. A ideia aqui é menos substituir o desenho animado e mais apresentar uma opção modernizada, atualizada -- e sem tanta força.

O cerne da trama continua o mesmo. Lady é uma cocker spaniel mimada por um casal que se vê jogada para o segundo plano quando nasce um bebê. Por uma série de acontecimentos, ela se acha perdida na cidade e faz uma amizade improvável com o cão de rua conhecido por outros vira-latas como Vagabundo, que a ensina a levar a vida livre.

Os cachorros de "A Dama e o Vagabundo" são de verdade, com as expressões faciais e os movimentos da boca feitos digitalmente para reproduzir os diálogos em língua humana. Nem sempre o resultado é perfeito, como na cena fundamental, inesquecível, em que o casal divide um prato de espaguete com almôndegas e se beija por acaso.

O romance ainda se passa no começo do século 20, como no primeiro longa, mas a locação mudou para Nova Orleans, cidade conhecida por ser desde sempre mais tolerante- e de população majoritariamente negra. Lá fica mais verossímil que o casal central de humanos seja interracial. Há mais alterações no script, todas para se adaptar aos novos tempos.

A música cantada pelo par de gatos siameses diabólicos, que na primeira vez era preconceituosa com chineses, foi trocada por um jazz cantado por um par de malhados. Os sotaques caricatos dos cachorros da carrocinha ficaram no passado. Entre os amigos da protagonista também há uma mudança -o terrier vizinho agora é uma fêmea.

O novo "A Dama e o Vagabundo" vai agradar principalmente os cachorreiros, mas pode satisfazer a curiosidade dos espectadores novinhos que estiverem fuçando no novo canal. Muito do filme é apenas correto, a obra não apresenta surpresas suficientes para se segurar sozinha. Sem o original, o atual não faz sentido.

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