Na China, o cinema voltou a ser como antes ou quase. Já nos Estados Unidos, mais de dois terços das salas reabriram para a nova temporada e, três semanas depois, continuam vazias.
Apostas foram adiadas ou acabaram em streaming. Consultoras como a LightShed não sabem quando -e se- o mercado retorna, nos EUA e em todo o mundo "não China".
Na TV paga o quadro é ainda pior, em toda parte, com as operadoras enfrentando "cord-cutting", ou fuga de assinantes, na própria China.
Com isso, o atropelo de concorrentes globais para o streaming da Netflix prossegue, resultando em marcas lançadas às pressas e que soam, na piada corrente, como pretensa gasolina do tipo premium.
Disney+, Paramount+ e HBO Max anunciaram que devem chegar ao Brasil entre o final deste ano e o início do ano que vem. Junto com Amazon Prime Video e Apple TV+, são as cinco concorrentes globais nomeadas pela Netflix em seu mais recente relatório público, há dois meses.
Nele, foi anunciado que Ted Sarandos, bem-sucedido na produção de conteúdo, é agora copresidente -ao lado de Reed Hastings, este tornado autor de um livro de autoajuda empresarial, o recém-lançado "A Regra É Não Ter Regras", já vertido ao português.
Sarandos em pouco tempo já deixou claro que, para enfrentar essas cinco rivais, deve se voltar ainda mais para os mercados internacionais.
Já trocou dois diretores veteranos da Netflix, de conteúdo televisivo e finanças, com o objetivo declarado de afiar a estratégia global do serviço, aprofundando suas ações da Malásia à Rússia, segundo a consultoria Ampere. "Meu foco", declarou ele, está nos "próximos 200 milhões de assinantes ao redor do mundo".
Ele quer produções originais que tenham o impacto mundial da espanhola "La Casa de Papel", já na quarta temporada agora, que no segundo trimestre foi "a mais vista, ponto, não só em outras línguas, mas até em inglês".
O mercado brasileiro, que foi o primeiro fora dos Estados Unidos e do Canadá para a Netflix, não aparece mais entre as prioridades dos executivos, atentos àqueles menos explorados, como a Índia.
A consultoria Bernstein Research acaba de projetar que o serviço estava no mês de junho em 17 milhões de assinantes no Brasil, tendo deixado para trás a própria TV paga local, que caiu 9% anualizados e está hoje em 15 milhões.
Com Netflix, Amazon e Apple já no país e a chegada agora dos serviços de Disney, Viacom (Paramount+) e AT&T (HBO Max), ao menos dois grandes grupos locais se preparam para fazer resistência.
O Globoplay anunciou um retorno à estratégia inicial de se vincular mais à produção do próprio Grupo Globo, deixando em segundo plano a aquisição de séries e filmes no exterior, que tinha uma precedência até o ano passado.
E começou a oferecer no próprio aplicativo os canais de TV paga do grupo, após uma liberação regulatória feita pela Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações.
O ganho, por enquanto, é incerto diante de percalços como a perda acelerada de direitos de transmissão de esporte e até da exclusividade sobre estrelas de telenovela.
O outro grupo é a Claro, maior operadora do país, que, com a liberação dos canais pela internet, confirmou que também terá streaming, sem nome ainda, mas mais barato do que pacotes de TV paga.
Há poucos dias, no evento Painel Telebrasil, avisou que isso é questão de semanas.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta