Um livro desconhecido, esquecido na prateleira de uma livraria deu origem ao filme "Tempo", que chega aos cinemas nesta quinta-feira (29). "Castelo de Areia", escrito em 2010 pelo francês Piere Oscar Lévy, foi adaptado pelo cineasta M.Night Shyamalan ("O Sexto Sentido", "Fragmentado"), que dirigiu, escreveu o roteiro e é também co-produtor.
O livro foi um presente de Dia dos Pais dado pela filha do diretor. Ishana Shyamalan encontrou a obra numa visita a uma livraria especializada em quadrinhos, meio escondido numa prateleira. A obra conquistou a família e agora chega em versão retratada na telona.
O filme conta a história de uma família que pensa ter encontrado um paraíso para passar as férias. Aos poucos, eles descobrem que a ilha guarda um segredo assustador: eles começam a envelhecer rapidamente e tem apenas um dia para viver.
A família é interpretada pelos atores Gael Garcia Bernal (Mozart in the Jungle), Vicky Krieps (Trama Fantasma), Alex Wolff (Hereditário) e Thomasin Mckensie (Sem Rastros).
Em entrevista coletiva virtual, da qual A Gazeta participou, diretamente de Los Angeles, o cineasta M.Night Shyamalan conta que o elenco e a equipe viveram uma situação semelhante à que vemos na telona. As filmagens aconteceram na República Dominicana de setembro a outubro de 2020.
"As filmagens foram um paraíso e um inferno. Nós enfrentamos quase que a mesma situação dos personagens. Estávamos isolados porque filmamos no auge da pandemia. Não podíamos ir a nenhum lugar, nem mesmo caminhar pela praia para ir à cidade. Nós e os atores íamos do hotel para o local das filmagens e do local das filmagens para o hotel", conta ele.
"Tínhamos esta sensação de estarmos encurralados. Mas também era bonito e havia esse sentimento intenso desta justaposição de algo muito assustador acontecendo em nossas vidas e, ao mesmo tempo, estávamos num lugar bonito. Acho que esta combinação de beleza e terror juntos é que faz 'Tempo' especial para o público. Ele vê uma justaposição que fica marcada nele", observa Shyamalan.
O roteiro levou o elenco a confrontar os próprios temores. A atriz Thomasin Mckenzie (Sem Rastro) conta que o que mais a assusta não é, necessariamente, a morte.
"Os temas da morte, do envelhecimento, o medo do desconhecido talvez não sejam vistos da mesma maneira por cada pessoa. Você nunca sabe o que vai acontecer, são temas que todos estão sempre pensando. Eu não tenho, necessariamente, medo da morte, me preocupo mais com a saúde, em geral", conta a atriz.
"Pra mim, morrer é assustador. É como em 'Meia Noite Em Paris', quando Ernest Heminghway pergunta para o (personagem do) Owen Wilson: 'você tem medo de morrer?'. Owen Wilson responde, sim, é um dos meus maiores medos. Será que todos nós não sentimos, um pouco, medo de morrer?", responde o ator Alex Wolff ("Jumanji", "Próxima Fase" e "Hereditário").
A colega de elenco, a atriz Vicky Krieps, conta que envelhecer e morrer não são seus maiores temores. "O que mais me assusta são coisas que, com o tempo, me forcem a mudar. Não medo de perder tempo, não tenho medo da morte ou de envelhecer. Tenho medo de um dia me perder porque eu teria de me adaptar a certas coisas. Tenho medo de algo que me faça mudar. Eu não medo da passagem do tempo", revela a atriz.
Alex Wolff foi mais fundo e revelou que seus maiores medos vão antes mesmo da morte, como ficar careca e baratas. "Eu tenho mais medo de ficar careca do que de morrer (risos). Não tem nada de errado ser careca. Envelhecer e todas aquelas veias, é meio assustador. Eu também tenho tripofobia. Tenho medo desses buraquinhos pequenos juntos, tenho mais medo disso do que de morrer. Também tenho medo de barata, tenho horror quando vejo uma grande. A morte vem em quarto ou quinto lugar" revela o ator.
São estes medos na vida que o filme também retrata, a vaidosa que vê a beleza se esvaindo, o racista que brada ao não ver saída para a situação. Mesmo de forma rasa, os personagens cumprem tudo de forma a fazer a trama andar e ter uma boa entrega.
"Os temas deste roteiro estão constantemente na cabeça das pessoas e me interessaram. Algo que me deixa entusiasmada é a exploração de ideias e modos de vida diferentes, através da dramaturgia. Esta foi uma grande oportunidade para refletir sobre a minha própria relação com o tempo", reflete Thomasin Mckenzie.
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