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"A pandemia não me paralisou", diz Zélia Duncan ao lançar "Pelespírito"

"A pandemia não me paralisou", diz Zélia Duncan ao lançar "Pelespírito"

Já disponível nas plataformas digitais, álbum conta com 15 faixas e está sendo considerado um dos trabalhos mais intimistas da cantora

Publicado em 24 de maio de 2021 às 16:39

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Zélia Duncan está lançando o álbum
Zélia Duncan está lançando o álbum "Pelespírito", que conta com 15 faixas inéditas. (Denise Andrade)
Gustavo Cheluje
Repórter do Divirta-se / [email protected]

Uma das vozes mais marcantes da MPB, Zélia Duncan lançou 15 álbuns, cinco DVDs solo e ganhou vários prêmios, entre Discos de Ouro e de Platina. Prestes a completar 40 anos de estrada (muito bem vividos), a cantora optou pela simplicidade e pelo intimismo - valores que leva para a sua vida cotidiana - para compor o projeto que celebra a data, “Pelespírito”.

Disponível nas plataformas digitais, o trabalho pode ser considerado um dos mais sensíveis de uma artista conhecida pelo sorriso franco e pelo olhar terno, que consegue transmitir verdade e comprometimento com a carreira. 

"Poderia optar por uma coletânea com sucessos que já gravei, mas gosto de desafios. A pandemia não me paralisou. Estamos vivendo um momento de tristeza e angústia, com muitas vidas perdidas e desmandos políticos. Esse álbum é uma espécie de desabafo. Gravei e cantei o que estava sentindo nessa fase sufocante de nossas vidas", apontou a artista, em entrevista ao "Divirta-se" via aplicativo Zoom.

Com som e fúria, Zélia faz de “Pelespírito” um vigoroso confessionário, onde transborda sensibilidade ao questionar os (inúmeros) problemas do país, especialmente com a faixa "Onde é que Isso Vai Dar?". O refrão "Ando sensível/Coração na Boca/... Nossa Vida Anda Com Pressa/ Onde isso vai dar?/Como é que isso vai ser?/" nos leva à reflexão. 

"Essa música começou com um diálogo meu com o Juliano (Holanda, produtor e compositor que trabalhou com Zélia nas 15 canções inéditas do disco). Um dia, a gente tinha feito uma composição que nos deixou feliz e ele me mandou uma mensagem dizendo que estava feliz de estar compondo. E aí eu escrevi para ele: 'Te digo o mesmo. Isso me provoca'. Ele me provoca e eu adoro desafios", brincou a artista, revelando, ainda, que "Onde é que Isso Vai Dar?" - que já conta com clipe no YouTube - é um questionamento que todo o país está fazendo atualmente.  

"Queremos saber onde isso vai dar, seja na resolução da pandemia, como também no avanço da extrema-direita no país. Sempre soubemos que o Brasil é um país homofóbico, racista e misógino, onde se mata mulher, negros e gays, mas nunca esperávamos que, por exemplo, o nosso vizinho compactuasse com isso. Estou assustada com essa realidade que a eleição de 2018 nos revelou."

VERSÁTIL

“Pelespírito” acentua a versatilidade de uma artista que também compõe e produz. São 15 faixas que passeiam por vários gêneros musicais. Zélia embarca no folk e country ("Viramos Pó?"), rock'n'roll ("Nas Horas Cruas"), sertanejo nordestino e pantaneiro ("Tudo por Nada") e blues ("Sua Cara tá Grudada em Mim"), entre outras composições. Ela fecha o álbum deixando explícita a sua crença de que tudo vai ficar bem ("Vai Melhorar") no período pós-pandêmico. 

""Vai Melhorar' e 'Eu e Vocês' são duas faixas que me encantam. São as mais leves e esperançosas do álbum", adianta a cantora.  "Eu e Vocês", inclusive, foi gravada recentemente por Elba Ramalho, como música-título do mais recente álbum da cantora paraibana.

"É uma música que suaviza a alma, como diz o refrão. Serve para acalmar o nosso peito, uma balada simples e delicada", suspira Zélia, que está lançando o seu segundo trabalho em 2021.

Em fevereiro, a cantora fluminense nos apresentou o EP "Minha Voz Fica", que fazia um resgate do cancioneiro da compositora sul-matogrossense Alzira Espíndula.  

Com a agenda cheia, Zélia programou uma live de lançamento do álbum "Pelespírito" para o dia 19 de junho, às 21h. Mais detalhes em breve no site oficial da artista.

POETA

Durante a pandemia, Zélia Duncan criou um espaço em seu canal do YouTube, que ela carinhosamente batizou de "ZoinoZoi", para falar sobre seu cotidiano e trocar mensagens com os fãs. Em 2020, viralizou com o poema "Vida em Branco", onde questionava as pessoas que criticavam a importância dos artistas para a sociedade.  

"Estamos passando por uma fase em que parte da sociedade questiona a importância do nosso trabalho, seja dos artistas ou mesmo da imprensa. É a era das fake news, onde a verdade passa a ser questionada.  O poema foi uma pergunta sincera e fico feliz de ter recebido o apoio do público".

Mas... E "Catedral"? É impossível conversar com Zélia Duncan e não perguntar sobre um dos seus maiores sucessos, lançado em 1994.

"Sei que tem muitos artistas que não gostam quando são questionados sobre uma música que marcou a carreira. Eu não ligo, gosto desse carinho. Muita gente ainda me fala da música, de como ela marcou a sua vida. Isso me emociona. Tem muitos jovens que conheceram o meu trabalho por conta de 'Catedral'. Esse é o poder da internet", brinca, falando sobre os próximos projetos.

"Estou com muitas coisas em mente. Tenho outros clipes para gravar, pensando em novas composições (a pandemia ajudou nisso)  e até penso em lançar um livro. Estou escrevendo alguma coisa sobre a música. Vai ser bem legal", complementa, com um singelo sorriso capaz de aquecer até os mais frios corações.

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