A Academia Brasileira de Letras divulgou nesta quinta (1) uma nota de repúdio à queima de livros de Paulo Coelho, escritor que faz parte da instituição.
Nos últimos dias, circularam na internet dois vídeos de pessoas queimando edições de "O Alquimista" e "Veronika Decide Morrer" em reação ao posicionamento político do autor, contrário ao presidente Jair Bolsonaro.
"Dar fogo aos livros traduz um símbolo de horror", diz o comunicado. "Evoca um passado de trevas. Como esquecer a destruição das bibliotecas de Alexandria e Sarajevo, os crimes de Savonarola e as práticas do nacional-socialismo?"
"A linguagem do ódio é redundante e perigosa. Devemos promover, sem hesitação, os marcos civilizatórios e a cultura da tolerância", continua a nota.
Em um dos vídeos, um casal de idosos rasga páginas de uma obra de Coelho enquanto ofende o escritor. "Já é o décimo livro dele que eu tô queimando. É um traíra, um sabotador", diz a mulher. "É um lesa-pátria", diz seu marido.
"Seu vagabundo, por que você não vai para Cuba, Venezuela", completa a pessoa, aparentemente mais jovem, que está filmando os idosos.
O próprio escritor retuitou o vídeo, com comentário irônico sobre a postagem que dizia que sua obra foi "desmonetizada". "Não. Primeiro compraram, depois queimaram. E o bigodinho do cara não deixa esconder a origem da ideia..."
Ele já havia, dias antes, retuitado outro vídeo de um homem queimando "O Alquimista" em um balde, com o comentário "Bücherverbrennung à la tupiniquim" (livros queimando, traduzindo do alemão, à la tupiniquim).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta