Parece piada pronta. Após ser chamuscado por denúncias de assédio sexual, o ator Casey Affleck decidiu dirigir um filme apocalíptico ambientado num mundo sem mulheres - ou melhor, num cenário pós-pandemia que dizimou praticamente todas as mulheres.
Todas, menos uma: Rag, a filha que o sujeito interpretado pelo próprio Affleck precisa defender em "Light of my Life", que estreou na programação do Festival de Berlim. O tom da trama, calcado na sobrevivência dos dois personagens, é redentor e pende para uma ode ao poder feminino.
Isso não passou despercebido pela imprensa internacional, que questionou se o longa representava uma espécie de autocrítica por parte do ator/diretor. Ele disse que não.
"A ideia para esse projeto veio antes de todos esses debates. Ainda bem. Porque pude escrever a trama da forma mais pura possível, mas não posso controlar a forma como vão encarar esse filme", disse ele, que venceu o Oscar por sua atuação em "Manchester à Beira-Mar".
Em 2017, às vésperas de ganhar o prêmio, Affleck se viu envolvido em uma série de acusações de assédio, da época em que ele dirigiu "Eu Ainda Estou Aqui", de 2010.
Uma produtora e uma diretora de fotografia afirmaram que ele se insinuou para elas durante as gravações e surpreendeu a segunda trajando apenas cueca. Em agosto, ele pediu perdão: "Me comportei de forma antiprofissional".
O tema voltou a reverberar em Berlim. Um repórter da revista americana Variety questionou se ele havia mudado a forma de se comportar no set.
Quando ele ia responder, seu produtor, que estava do lado tomou o microfone: "Ele foi muito cuidadoso e respeitoso com todos", disse Teddy Schwarzman.
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